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Entrada de investimento externo dobra em janeiro
Juro alto ajudou a atrair US$ 4,8 bi no mês passado, mas fluxo cai em fevereiro
Cerca de US$ 1,7 bi foi investido por estrangeiros em títulos públicos no mercado interno para ganhar com taxa de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil
chegou a US$ 4,814 bilhões no
mês passado, o dobro do valor
registrado em janeiro de 2007 e
443% a mais do que em dezembro passado. Segundo o Banco
Central, instituições financeiras e empresas de metalurgia
foram os principais destinos
dessas aplicações.
Já neste mês, porém, a situação é um pouco diferente: segundo dados fechados ontem, o
fluxo de investimentos está em
apenas US$ 100 milhões, devendo chegar a US$ 200 milhões até o final da semana, de
acordo com as projeções do BC.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a diferença entre os
números em janeiro e fevereiro
reflete, principalmente, algumas operações isoladas feitas
nas últimas semanas.
Nessas transações, segundo
Lopes, três multinacionais venderam as participações que tinham em empresas brasileiras,
resultando na saída de aproximadamente US$ 1 bilhão do
país, o que, pela estatística do
BC, reduz o saldo de investimentos estrangeiros.
Lopes não quis citar os nomes das empresas envolvidas
nos negócios, mas afirmou que,
apesar de terem grande impacto nas estatísticas de fevereiro,
esses eventos foram "pontuais"
e não devem afetar a tendência
esperada para o resto do ano.
A projeção do BC é que o Brasil receba US$ 28 bilhões em investimentos estrangeiros diretos ao longo de 2008. Se confirmado o ingresso de US$ 200
milhões em fevereiro, o saldo
acumulado no primeiro bimestre ficará em cerca de US$ 5 bilhões.
Os investimentos diretos recebidos pelo Brasil até agora
ajudam a financiar o déficit em
transações correntes observado neste início de ano. Outro fator que ajuda no equilíbrio das
contas externas é o fluxo de capitais de curto prazo, que são
atraídos pela elevada taxa de
juros praticada no país.
Em janeiro, segundo o BC, o
país recebeu US$ 1,961 bilhão
em capitais de curto prazo, ou
seja, que entram no país e saem
depois de menos de um ano.
Além disso, US$ 1,685 bilhão foi
investido por estrangeiros em
títulos públicos negociados no
mercado interno. Embora esses papéis tenham prazos longos, seu principal atrativo é a
taxa de juros, que é alta se comparada com a média internacional.
O economista Fabio Kanczuk, professor da USP, diz que
esse movimento tende a se acelerar com a redução dos juros
norte-americanos. "A diferença [da taxa brasileira] em relação aos juros dos Estados Unidos está maior ainda, então o
fluxo financeiro continua alto",
afirma.
Com receio de que a crise
imobiliária leve os EUA a uma
recessão, o Fed (o banco central norte-americano) tem reduzido seguidamente os juros
locais, que hoje estão em 3% ao
ano. No Brasil, a taxa básica de
juros está em 11,25% ao ano.
Isso significa que, caso a taxa
de câmbio se mantenha estável,
uma aplicação em títulos brasileiros vai sempre render bem
mais do que um investimento
em papéis norte-americanos
numa situação como a atual, o
que ajuda a explicar parte do
grande fluxo de capitais estrangeiros que tem ocorrido recentemente.
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