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Brasil vira credor com "ajuda de Deus", diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que precisou de uma "ajudinha de
Deus" para o Brasil "deixar de
ser devedor e virar credor internacional".
"Eu acredito que todos nós
temos competência, mas precisou uma ajudinha de Deus para
que as coisas pudessem dar certo", afirmou ao discursar no
lançamento do programa Território da Cidadania.
Lula também aproveitou seu
programa semanal de rádio,
"Café com o Presidente", para
comemorar o fato de o Brasil
ter "zerado" a dívida externa,
prevendo para 2008 um crescimento de "mais de 5%".
"O Brasil deu um passo extremamente importante para
se transformar, definitivamente, em um país levado a sério no
mundo financeiro", disse. "É
como se, na casa da gente, a
gente recebesse o salário e, no
final do mês, quando pegasse o
pagamento, a gente tivesse certeza que tinha mais dinheiro no
nosso holerite do que a gente tinha para pagar."
Para o presidente, tal situação representa um "ponto de
equilíbrio" que "nos dá tranqüilidade para enfrentar uma
crise americana". Na realidade,
o que o BC anunciou na semana
passada foi que os ativos que o
governo e o setor privado possuíam no exterior ao final de janeiro já superavam o valor de
todo o endividamento contraído em outros países.
"Até agora a crise americana
não chegou aqui, não vai chegar, e, se chegar, nós estamos
preparados para enfrentá-la. É
tudo o que o brasileiro precisa:
tranqüilidade, seriedade, para
que a gente recupere os 20 e
poucos anos que a economia
brasileira não mereceu o respeito internacional."
Sobre o crescimento da economia, Lula diz acreditar que
Brasil deverá surpreender as
avaliações de economistas, cujas previsões não ultrapassam
5%. "Eu acredito e respeito
muito as avaliações dos economistas do Banco Central e de
todos os institutos, mas eu
acredito que as condições estão
dadas para que a gente possa
crescer mais do que isso."
Meirelles cauteloso
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem, em
Paris, que a condição de credor
externo, obtida pelo Brasil na
semana passada, não é suficiente para conseguir o "investment grade", mas ressaltou que
o processo de consolidação da
economia brasileira é favorável
à classificação.
Segundo ele, o "investment
grade" é o resultado de uma
melhora global dos fundamentos da economia brasileira e
"não será um ou outro índice
que vai determinar a classificação das agências de rating".
Para Meirelles, o Brasil tem
hoje um conjunto de condições
favoráveis. "O peso da dívida
pública total líquida sobre o
PIB tem caído, temos uma inflação consistente com a trajetória de metas, uma balança comercial sólida, um setor externo competitivo e uma economia em crescimento fundada
sobre o tripé aumento do emprego, renda e crédito."
(FELIPE SELIGMAN e ANA CAROLINA DANI)
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