São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil vira credor com "ajuda de Deus", diz Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que precisou de uma "ajudinha de Deus" para o Brasil "deixar de ser devedor e virar credor internacional".
"Eu acredito que todos nós temos competência, mas precisou uma ajudinha de Deus para que as coisas pudessem dar certo", afirmou ao discursar no lançamento do programa Território da Cidadania.
Lula também aproveitou seu programa semanal de rádio, "Café com o Presidente", para comemorar o fato de o Brasil ter "zerado" a dívida externa, prevendo para 2008 um crescimento de "mais de 5%".
"O Brasil deu um passo extremamente importante para se transformar, definitivamente, em um país levado a sério no mundo financeiro", disse. "É como se, na casa da gente, a gente recebesse o salário e, no final do mês, quando pegasse o pagamento, a gente tivesse certeza que tinha mais dinheiro no nosso holerite do que a gente tinha para pagar."
Para o presidente, tal situação representa um "ponto de equilíbrio" que "nos dá tranqüilidade para enfrentar uma crise americana". Na realidade, o que o BC anunciou na semana passada foi que os ativos que o governo e o setor privado possuíam no exterior ao final de janeiro já superavam o valor de todo o endividamento contraído em outros países.
"Até agora a crise americana não chegou aqui, não vai chegar, e, se chegar, nós estamos preparados para enfrentá-la. É tudo o que o brasileiro precisa: tranqüilidade, seriedade, para que a gente recupere os 20 e poucos anos que a economia brasileira não mereceu o respeito internacional."
Sobre o crescimento da economia, Lula diz acreditar que Brasil deverá surpreender as avaliações de economistas, cujas previsões não ultrapassam 5%. "Eu acredito e respeito muito as avaliações dos economistas do Banco Central e de todos os institutos, mas eu acredito que as condições estão dadas para que a gente possa crescer mais do que isso."

Meirelles cauteloso
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem, em Paris, que a condição de credor externo, obtida pelo Brasil na semana passada, não é suficiente para conseguir o "investment grade", mas ressaltou que o processo de consolidação da economia brasileira é favorável à classificação.
Segundo ele, o "investment grade" é o resultado de uma melhora global dos fundamentos da economia brasileira e "não será um ou outro índice que vai determinar a classificação das agências de rating".
Para Meirelles, o Brasil tem hoje um conjunto de condições favoráveis. "O peso da dívida pública total líquida sobre o PIB tem caído, temos uma inflação consistente com a trajetória de metas, uma balança comercial sólida, um setor externo competitivo e uma economia em crescimento fundada sobre o tripé aumento do emprego, renda e crédito." (FELIPE SELIGMAN e ANA CAROLINA DANI)

Texto Anterior: Brasileiro bate recorde de gasto em viagem ao exterior, diz BC
Próximo Texto: Análise: Reservas altas amortecem déficit externo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.