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análise
Reservas altas amortecem déficit externo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de uma semana
após o Brasil anunciar que
tem dinheiro em caixa para
"zerar" a dívida externa, o
país divulga o pior resultado
desde 1998 de suas transações com o restante do mundo. Na avaliação de economistas, não se trata de uma
contradição, mas de uma
mudança no relacionamento
do Brasil com o exterior, em
que o país recebe cada vez
mais investimento, mas também deve remeter lucro para
remunerar esse capital. No
caso, a posição alta das reservas cambiais permite que essa equação aconteça fora de
um cenário de crise cambial,
como em 2002 e 1998.
"A demanda interna cresce entre 6% e 7%, e o PIB,
4,5%. É natural um aumento
das importações. O movimento é saudável dado o
crescimento da economia. É
natural um país pobre como
o Brasil, com baixa poupança
[interna], ter déficit [externo]. Nós é que estávamos
mal-acostumados", disse
Zeina Latif, do Banco Real.
"Não é uma contradição. O
que aconteceu é que caiu
muito a balança comercial e
subiu muito o déficit em serviços. Pode ser que seja pontual porque em janeiro se remetem lucros e dividendos
para fora", disse o economista Alcides Leite, da Trevisan.
Para os economistas, além
da posição sólida das reservas, a entrada de investimento direto e o câmbio flutuante atenuam a deterioração
das transações correntes. Se
a saída de recursos levar a
uma depreciação do real, os
produtos brasileiros ficam
mais competitivos e aumentam as exportações. O BC
prevê um déficit de US$ 3,5
bilhões nas contas externas
em 2008. No último boletim
Focus, os analistas de mercado esperavam déficit de US$
7,85 bilhões -era de US$ 6
bilhões há quatro semanas.
Para José Luiz Rossi, do
Ibmec-SP, se o país continuar crescendo de forma
acelerada, aumentarão ainda
mais as importações e o déficit externo. "O déficit é perfeitamente administrável se
o país continuar crescendo."
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) avalia que ainda é
cedo para afirmar que a mudança veio para ficar. "O déficit decorreu de resultados
surpreendentes: baixo superávit comercial e volume alto
de remessas de lucros."
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