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MERCADO TENSO
Mauch diz que não tolerará operações com o intuito de elevar cotação artificialmente; dólar fica em R$ 2,05
BC ameaça punir especulador de câmbio
da Sucursal de Brasília
O Banco Central ameaçou
punir bancos
que manipularem o mercado
de dólar, forçando a alta artificial da moeda
norte-americana, e decidiu manter
segredo sobre suas intervenções.
A ameaça foi divulgada no início
da noite pelo diretor de Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, após
mais um dia de pressão.
O BC voltou a intervir ontem no
câmbio por meio dos bancos que
operam em seu nome, segundo
operadores. Na média ponderada
do BC, o dólar comercial fechou a
R$ 2,035, em alta de 1,6%. No mercado, a cotação de fechamento ficou estável em R$ 2,05.
"O BC está atento aos movimentos do mercado e não tolerará operações sem finalidade clara, realizadas apenas com o intuito de
pressionar a taxa de câmbio", declarou Mauch por intermédio da
assessoria de imprensa do BC.
Ele também sinalizou a suspensão ou o cancelamento de registros
de bancos: "A atividade bancária é
um serviço concedido e, portanto,
depende sempre de autorização do
BC, que é o órgão regulador".
A preocupação do BC é evitar
que se repita hoje o que ocorreu
em 29 de janeiro, a "sexta-feira negra", quando boatos, movimentos
especulativos e manipulação de
mercado fizeram a cotação do dólar atingir R$ 2,15.
Assim como ocorreu naquele dia
(último dia útil do mês), a taxa de
hoje determinará os ganhos ou
perdas no mercado futuro de câmbio. Quem comprou dólares nesse
mercado tem interesse na alta.
A fiscalização do BC pretende
evitar uma operação de manipulação de cotações conhecida como
"Zé com Zé". Nela, manipuladores
compram e vendem dólares entre
si, provocando a alta da cotação.
A Folha apurou que o governo
montou uma estratégia para evitar
que boatos sobre calote da dívida
interna pressionem o câmbio.
O Banco do Brasil abasteceu a rede bancária com cédulas para que
não ocorram filas nem falte dinheiro nos bancos hoje, caso haja
um volume maior de saques.
O BC também decidiu manter segredo sobre suas intervenções no
mercado de câmbio. Ao contrário
dos dois dias anteriores, ontem a
instituição não informou se interveio ou não no mercado.
"Vai ficar claro se (o BC) fez intervenção e quanto fez quando forem divulgadas as reservas cambiais", disse o presidente interino
do BC, Demósthenes Madureira de
Pinho Neto, pela assessoria.
A Folha apurou que o governo
avalia que, se neste mês ocorrerem
prejuízos no mercado futuro de
dólar, as perdas serão menores que
as de janeiro, quando o BC registrou prejuízo de R$ 8 bilhões.
Ontem, as reservas fecharam em
US$ 35,705 bilhões (queda de US$
33 milhões).
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