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TRABALHO
Taxa em janeiro havia ficado em 11,7%; de acordo com o instituto, aumentou o número de pessoas à procura de vaga
Desemprego sobe e atinge 12%, aponta IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em fevereiro, o número de pessoas trabalhando permaneceu estável na comparação com janeiro,
mas mais gente procurou trabalho, o que provocou um pequeno
aumento do desemprego, de
acordo com a metodologia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa de desemprego passou
de 11,7% no primeiro mês deste
ano para 12% em fevereiro, segundo o instituto. Já o rendimento médio real (descontada a inflação) cresceu 0,5% em comparação com janeiro. O número de
pessoas sem trabalho e à procura
de vaga teve uma alta de 3,3% na
mesma comparação -sinal de
que mais pessoas estão em busca
de uma colocação.
Segundo o gerente da PME
(Pesquisa Mensal de Emprego)
do IBGE, Cimar Azeredo Pereira,
a variação da taxa de desemprego
de janeiro para fevereiro "não é
significativa" e indica "uma estabilidade", mas "num patamar elevado". Em fevereiro de 2003, a taxa de desemprego havia ficado
em 11,6%.
Especialistas ouvidos pela Folha
dizem que o mercado não está
nem melhor nem pior: o desemprego continua alto e novos postos não estão sendo gerados em
nível suficiente para cobrir toda a
procura, repetindo o cenário dos
últimos meses.
Precariedade
Ao comparar os dados com os
de fevereiro de 2003, porém, houve uma expansão da precariedade
do mercado de trabalho.
Apesar de o número de pessoas
ocupadas ter aumentado 1,5%, as
vagas criadas são informais. Cresceu o total de empregados sem
carteira (4,8%) e de trabalhadores
por conta própria (8,8%), que, em
geral, têm salários menores e condições de trabalho piores. Ao
mesmo tempo, caiu a ocupação
com carteira assinada -1,9%.
Em relação a fevereiro do ano
passado, o total de pessoas sem
trabalho que procuravam uma recolocação também subiu (5,7%).
Nessa comparação, a renda continuou em queda, mas num ritmo
menor do que nos meses anteriores. Houve uma retração de 5,7%.
"O quadro é de um aumento
dessa camada informal, que já vinha em alta desde o ano passado.
Foi uma característica de 2003
que está se repetindo neste ano",
disse Pereira.
Fernando Montero, economista
da Tendências Consultoria, completou: "Esse é um problema que
já vinha ocorrendo. Por causa da
crise, mais pessoas estão procurando trabalho e se ocupando
com o que aparece".
Para o economista Lauro Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os dados
de fevereiro revelam que "o mercado de trabalho ficou parado".
Um sinal disso, afirmou, é que
não estão sendo gerados novos
postos de trabalho.
"A grande informação é que
não tem novidade: o desemprego
continua praticamente estável, se
comparado com janeiro, e um
pouco mais alto, em relação ao
mesmo mês de 2003, sem indicações claras de alteração desse quadro", disse.
Montero afirmou que a taxa de
fevereiro seguiu um comportamento sazonal, subindo nos primeiros meses do ano.
"Houve uma elevação na taxa
de desemprego numa época e numa magnitude já esperadas", disse. Ramos também ressaltou que
as altas em janeiro e fevereiro são
sazonais.
O único indicador que está menos pior, dizem os especialistas, é
o rendimento. Para Pereira, a expansão da renda ante janeiro e a
desaceleração na comparação
com 2003 é reflexo de dissídios
maiores do que a inflação de algumas categorias. É que eles são corrigidos pela inflação passada,
mais alta.
Ramos, no entanto, disse que o
rendimento já havia caído muito
em 2003, o que torna a base de
comparação "fraca".
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