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COMÉRCIO
Segundo documento de instituição americana, estrutura dos supermercados no Brasil prejudica pequeno fornecedor
Relatório critica concentração no varejo
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Relatório divulgado nesta semana, em Washington, pelo IFPRI
(sigla em inglês para Instituto Internacional de Pesquisas de Políticas Alimentares), afirma que a
atual concentração do setor de supermercados no Brasil prejudica
os negócios de pequenos fornecedores de alimentos, principalmente de produtos agrícolas e
carnes e aves no país.
O documento defende a idéia de
que os pequenos fabricantes estão
em "desvantagem", cita exemplos
no Brasil e inclusive dá o nome de
redes que "exploram" os pequenos .
Analistas do segmento e supermercados ouvidos ontem criticaram o documento.
Na última publicação da entidade, especializada em debates sobre nutrição, pobreza e segurança
alimentar no mundo, o relatório
sobre o Brasil é o grande destaque. Ele informa que os maiores
supermercados na América Latina, e principalmente no país, cresceram em uma década o mesmo
que o setor nos EUA levou cinco
décadas.
"No Brasil, por exemplo, os supermercados eram responsáveis
por 30% das vendas de alimentos
em 1990. Em 2000, a taxa chegou a
75%", informa.
Com poucos vendendo muito,
os economistas da entidade -são
cerca de 300 colaboradores no
mundo- acreditam que há um
desequilíbrio. Dizem que as lojas
compram mercadorias de pequenos fornecedores e revendem para fora, ganhando com a exportação. E que os fabricantes precisam
se adequar às normas dos contratos do comércio -que incluiu
um prazo de até 60 dias para o pagamento da compra da mercadoria ao fabricante.
Resposta
Analistas de varejo e supermercados no país acreditam que há
um "equívoco" na análise.
Com base em dados da Abras
(Associação Brasileira de Supermercados) informam que a concentração perdeu fôlego (o grande movimento de fusões e aquisições teria ocorrido em 1999 e
2000).
Afirmam ainda que no Brasil as
cinco maiores rede têm 39% do
mercado, enquanto na França e
Inglaterra as cinco maiores têm
entre 60% e 70% do negócio.
Reforçam ainda o argumento
de que contratos de compra e
venda têm regras flexíveis. Se o fabricante, por exemplo, enfrenta
problemas financeiros, os pagamentos podem ser antecipados e
os prazos renegociados.
Na avaliação do grupo Pão de
Açúcar, dono das lojas Extra, Barateiro e Extra Eletro, não há conflitos nocivos entre as partes. Na
prática, afirma, os supermercados
precisam dos pequenos fornecedores por duas razões: 1) para aumentar o número de alternativas
de compra ao consumidor e 2)
para reduzir a dependência de
grandes marcas, que têm elevado
poder de barganha na hora de negociar preços.
"Temos feito um trabalho intenso para oferecer uma alternativa de compra de menor custo para o consumidor", diz Marcelo
Roffé, diretor de comercialização
categoria Menor Preço do Grupo
Pão de Açúcar. "É uma relação
"ganha-ganha". O consumidor
economiza, o fornecedor, sobretudo os pequenos, coloca seus
produtos no mercado, e a empresa consegue oferecer um diferencial de compra ao consumidor."
Reproduzido ontem pela rede
de notícias BBC, o relatório não
foi comentado pelo Carrefour,
outra rede de grande porte no
Brasil.
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