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Dados de pesquisas formam quadro ainda desalentador, diz economista
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dados de fevereiro sobre
mercado de trabalho divulgados
por quatro diferentes instituições
neste mês formam um quadro
ainda desalentador para o emprego no Brasil. Se por um lado o Ministério do Trabalho e a Fiesp
apontam para reação positiva na
quantidade de vagas, o convênio
Seade/Dieese e o IBGE mostram
que isso não teve efeito sobre a
elevada taxa de desemprego.
A consideração é do economista
Claudio Dedecca, professor do
Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Cesit
(Centro de Estudos Sindicais).
Dedecca, que trabalhou de 85 a
88 na Fundação Seade, alerta que
é preciso diferenciar nível de emprego de taxa de desemprego.
"Pesquisas como as da Fiesp e do
Ministério do Trabalho mostram
o saldo das vagas criadas ou eliminadas. Não é feita uma relação
com a quantidade de pessoas à
procura de trabalho".
Folha - Quais as diferenças entre
as pesquisas de emprego no país?
Claudio Dedecca - No Brasil há
dois tipos de pesquisa: a domiciliar, realizada pelo IBGE e Seade/
Dieese, e as feitas a partir de dados
fornecidos por empresas, divulgadas pelo Ministério do Trabalho e pela Fiesp. Nesse último caso, o que se tem é o nível de emprego, o saldo de vagas criadas ou
eliminadas, sem se fazer relação
com a quantidade de pessoas à
procura de trabalho. Já IBGE e
Seade/Dieese, além de geração ou
eliminação de vagas, pesquisam a
PEA [População Economicamente Ativa], ou seja, mostram quantas pessoas entraram ou saíram
do mercado em certo período e
relacionam com a quantidade de
vagas criadas ou não. Mostram
também o mercado informal
[sem carteira assinada]. Para Seade/Dieese, apura-se a taxa de desemprego aberta, oculto pelo trabalho precário e por desalento.
Folha - A partir dos dados divulgados, a qual conclusão se chega?
Dedecca - O quadro ainda é desalentador. Os dados da Fiesp e do
Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] apontam que a situação do nível de
emprego formal na indústria melhorou, já que houve aumento de
postos de trabalho em fevereiro.
Só que os números do Seade/
Dieese e do IBGE, que pegam
também o mercado informal,
mostram que a taxa de desemprego aumentou. Ou seja, as vagas
criadas com carteira assinada foram muito poucas perto da quantidade de pessoas no mercado.
O Caged aponta criação de 4.120
vagas para a região metropolitana
de São Paulo na indústria em fevereiro. O Seade/Dieese, menos 1.000
vagas formais. Por que a diferença?
Dedecca - O ponto mais importante é que a pesquisa Seade/
Dieese é realizada a partir de uma
média trimestral, o que é feito para dar representatividade à pesquisa [o instituto pesquisa 3.000
domicílios por mês]. Ou seja, os
dados de fevereiro são relativos ao
período de 1º de dezembro a 29 de
fevereiro e comparados ao período de 1º de novembro a 31 de janeiro. Já os do Caged pegam de 1º
de fevereiro ao dia 29 de fevereiro.
Além disso, no caso do Caged e da
Fiesp você levanta dados sobre
emprego apenas com empresas
razoavelmente organizadas, que
têm estrutura para passar essas
informações para essas entidades.
Os dados do Seade/Dieese podem ser de empresas pequenas,
que muitas vezes não informam
ao Ministério do Trabalho ou à
Fiesp seus dados.
(MAELI PRADO)
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