São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Em fevereiro, foi registrada saída de US$ 372,97 milhões; só renda fixa teve captação positiva

Saque em fundos supera depósito pela 1ª vez em 14 meses

DA REPORTAGEM LOCAL

A instabilidade no cenário político interno, com a eclosão do caso Waldomiro Diniz, afetou os ânimos dos investidores em fevereiro mais do que o esperado. Pela primeira vez desde dezembro de 2002, os fundos de investimentos no Brasil apresentaram captação negativa -mais saques do que depósitos.
No mês passado, os fundos registram saída de US$ 372,97 milhões, de acordo com relatório da consultoria Thomson Financial. Pela ordem, as maiores perdas ocorreram nos fundos cambiais (saída de US$ 559,8 milhões), nos fundos mistos -aqueles que permitem ao gestor aplicar no mercado de câmbio, em juros e na Bolsa de Valores-, que tiveram perdas de US$ 397,7 milhões, e nos fundos de ações (saída de US$ 230,6 milhões).
Em contrapartida, os fundos de renda fixa continuaram com captação positiva: atraíram US$ 548,8 milhões, o que compensou em parte a sangria nos demais fundos. Explica-se: naquele mês o Banco Central manteve inalterada as taxas de juros básicas da economia -o primeiro corte de 2004, de 16,5% para 16,25%, só ocorreu na semana passada. Como esses papéis têm rendimento prefixado, a manutenção dos juros em fevereiro manteve atraente a rentabilidade desses fundos, em comparação à de outros investimentos.

À frente do Peru
No ano, o saldo de captações dos fundos brasileiros permanece positivo em US$ 4,976 bilhões. Mas o crescimento real das carteiras está à frente somente do verificado no Peru. O patrimônio dos fundos argentinos subiu, até fevereiro, 20,77%. No Chile, a expansão foi de 11,44%. Mas o dos fundos brasileiros aumentou somente 2,72% -contra uma queda de 0,13% no patrimônio no Peru.
O balanço mostra ainda que o setor de fundos no continente perdeu em fevereiro US$ 60,44 milhões, queda de 0,03% sobre janeiro. O patrimônio total administrado na região era de US$ 234,50 bilhões no mês passado.
Além do Brasil, houve captação negativa no México (menos US$ 78,82 milhões) e no Peru, país em que os saques superaram os depósitos em US$ 70,88 milhões. Na Argentina e no Chile, houve considerável entrada de recursos: de US$ 306,70 milhões e US$ 155,54 milhões, respectivamente.
A indústria de fundos brasileira responde por praticamente 80% do patrimônio total na América Latina. Os fundos de investimento no país acumulam patrimônio de US$ 186 bilhões, contra somente US$ 34,39 bilhões do México, segundo colocado.
Por tipo de fundos, os de renda fixa lideram no Brasil e acumulam o equivalente a 56,12% do patrimônio total -ou seja, carregavam em fevereiro R$ 304,5 bilhões, divididos em títulos do governo, debêntures e depósitos interbancários.
Os fundos de renda mista aparecem a seguir, com 26,7% do patrimônio total. O restante divide-se entre renda variável (7,51%), previdência (4,51%), outros (4,21%) e cambiais (0,95%).
(JOSÉ ALAN DIAS)


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