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BALANÇO
Instituição teria prejuízo em 2003 se não tivesse renegociado dívida de US$ 1,2 bi com controladora da Eletropaulo
BNDES lucra R$ 1 bi após acordo com AES
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O fechamento do acordo de renegociação da dívida de US$ 1,2
bilhão da AES (referente a empréstimos para a compra da Eletropaulo) permitiu ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) transformar em lucro de R$ 1,038 bilhão em 2003 um resultado que
até o mês de novembro apontava
prejuízo de R$ 2,125 bilhões.
Com o acordo, o banco pôde
lançar na sua contabilidade de ativos (bens) o valor da quase totalidade dos créditos com a AES que
antes estavam na conta de provisões para créditos duvidosos.
Dos créditos com a AES, o
BNDES transformou US$ 600 milhões (R$ 1,762 bilhão) em participação acionária na Brasiliana
(empresa formada com ativos da
AES no Brasil), renegociou US$
510 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) e recebeu, em janeiro deste
ano, US$ 90 milhões (cerca de R$
260 milhões).
A operação permitiu que o banco lançasse em seus ativos o total
de R$ 3,056 bilhões. Uma parcela
dos créditos, de cerca de R$ 460
milhões, permaneceu entre as
provisões. O provisionamento é
feito de acordo com a classificação de risco da empresa devedora.
"Com o êxito da negociação
com a AES, fundamentalmente,
conseguimos inverter a situação
anterior", disse o diretor da área
financeira do BNDES, Roberto Timótheo da Costa. Os ativos totais
do banco fecharam 2003 em R$
152,1 bilhões, dos quais R$ 116,9
bilhões em créditos.
Maior lucro nominal
O resultado de 2003 foi 89%
maior que os R$ 549,6 milhões de
2002 e acabou sendo o maior lucro nominal (sem correção monetária) da história do BNDES.
O maior lucro anterior havia sido de R$ 963 milhões, em 1996.
Em dólares, o resultado de 1996
equivalia a US$ 963 milhões (o
câmbio estava em US$ 1/R$ 1), enquanto o de 2003 foi de aproximadamente US$ 358 milhões, pelo
câmbio livre de 30 de dezembro.
O resultado do BNDES poderia
ter sido bem melhor se o banco
não tivesse sido obrigado a manter entre suas provisões para créditos duvidosos cerca de R$ 2 bilhões, equivalentes a aproximadamente US$ 700 milhões devidos pela empresa SEB (Southern
Electric Brasil), da qual a AES é
controladora (65,5% do capital).
A SEB controla cerca de 33% do
capital da Cemig (Companhia
Energética de Minas Gerais). Costa disse que o BNDES vem negociando há 11 meses a recuperação
dos créditos com a SEB.
A inadimplência total dos devedores do BNDES somava R$ 3,7
bilhões no final de 2003, contra R$
7,1 bilhões em setembro do mesmo ano. Graças ao acordo sobre a
parte da dívida da AES referente à
compra da Eletropaulo, o índice
de inadimplência caiu de 7,3% da
carteira de empréstimos em setembro para 4,4% em dezembro.
O conselho de administração do
BNDES decidiu também que apenas 25% (R$ 259,5 milhões) do total do lucro será pago à União.
Os 75% restantes do lucro de
2003 foram capitalizados pelo
banco, o que fez seu patrimônio
aumentar para dar sustentação ao
propósito de emprestar neste ano
R$ 47 bilhões.
O patrimônio líquido fechou
2003 em R$ 12,8 bilhões. Segundo
o superintendente da área financeira do banco, José Roberto Fiorêncio, a situação patrimonial é
confortável para a realização do
orçamento de 2004. Mas ele ressalvou que a margem legal para
empréstimos ao setor público,
prioridade da direção do banco,
está apertada. Ela era de apenas
R$ 1,539 bilhão no fim de 2003.
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