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LUÍS NASSIF
TV digital e
acesso a mercado
O que está por trás de toda
essa polêmica sobre TV digital não é o padrão a ser escolhido. Converse com os europeus e
terá vários argumentos contra o
padrão japonês; e vice-versa.
Também não é uma disputa entre TV aberta e telefonia celular
ou fixa. Os três setores vão acabar
se entendendo mais cedo ou mais
tarde. O que está em hoje é a disputa pelo mercado de produção.
À medida que se criam novos
canais de distribuição, abre-se espaço para novos produtores de
conteúdo, que podem ser empresas de audiovisual ou afiliadas
das atuais redes. Se o modelo de
TV digital a ser adotado for flexível, haverá espaço no espectro para os novos entrantes. Se não for,
não haverá.
Essa definição deveria constar
de uma Lei Geral das Comunicações -que não existe até hoje. O
padrão japonês não permite pensar em modelos flexíveis, portanto condiciona antecipadamente o
que a lei poderá definir e cria um
fato consumado.
Trata-se de uma luta legítima
das emissoras comerciais por sua
própria sobrevivência, já que, a
rigor, existe uma única rede consolidada e com um pé em várias
mídias. Mas é importante que isso fique claro para parar com essa falsa discussão técnica.
Todos os países estão mudando
sua legislação para adaptá-la aos
novos tempos. O Reino Unido é
considerado o que melhor tratou
da questão da convergência digital, embora as emissoras brasileiras tenham razão ao afirmar que
o modelo de TV comercial do
Reino Unido é bastante diferente
do brasileiro.
Em 2003 o Parlamento decretou o Ato das Comunicações, que
criou o Escritório das Comunicações, mais conhecido como Ofcom, ou Office of Communications. Em 29 de dezembro de
2003, a "super-agência" assumiu
os papéis das Comissões de Padrões de Radiodifusão e Independente de Televisão, do Escritório
de Telecomunicações (Oftel),
além da Autoridade sobre o Rádio e da Agência de Radiocomunicações. Desde então, passou a
regular todas as empresas de comunicação atuantes no Reino
Unido, abrangendo as de telecomunicações, televisão, rádio
-incluindo as comunitárias- e
provedoras de serviços de comunicação wi-fi (sem fio).
As duas funções principais da
Ofcom são promover a competição apropriada entre os meios de
comunicação e proteger os consumidores de matérias prejudiciais
ou ofensivas.
Seu trabalho está baseado nos
seguintes pressupostos. Primeiro,
o de assegurar a otimização do
uso do espectro eletromagnético.
Depois, garantir que os serviços
de comunicação eletrônica em
grande escala, incluindo os de
transmissão de dados em alta velocidade, estejam disponíveis para todo o Reino Unido. Também
zelar para que os serviços de rádio e TV em grande escala sejam
de alta qualidade e de grande
apelo e preservar a pluralidade
na rádio e teletransmissão.
Foi constituído um conselho
-atualmente presidido pelo lorde Currie de Marylebone- e
mais oito membros, integrantes
da comunidade acadêmica ou de
empresas do setor. Eles se encontram formalmente todos os meses
e publicam a agenda e as notas
das reuniões no site da Ofcom.
Os membros do Conselho, por
sua vez, são assessorados por diversos comitês existentes na
agência, como o executivo e o
Content Board, os dois mais diretamente ligados ao conselho. O
comitê executivo é encarregado
dói acompanhamento da administração da agência, enquanto o
Content Board está mais relacionado às empresas de Radiodifusão. Cada comitê é composto por
membros da sociedade civil e representantes ligados ao assunto.
Todas as decisões tomadas e normas aprovadas pelos comitês são
publicadas no site da agência na
internet.
Viagem ao Japão
Nem a Casa Civil nem o MDIC
(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) estão sabendo que foram
convocados pelo ministro das
Comunicações, Hélio Costa, para ir ao Japão conhecer o consórcio da TV digital -conforme ele
declarou aos jornais de sexta.
Luiz Fernando Furlan tem viagem agendada há bastante tempo, mas em prosseguimento aos
contatos iniciados na viagem da
comitiva de Lula.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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