São Paulo, quarta-feira, 26 de março de 2008

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Bolsa paulista se descola de NY e sobe 2,4%

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto Wall Street teve ontem um dia de desânimo por conta de indicadores econômicos americanos ruins, a Bovespa registrou o terceiro pregão seguido de alta, subindo 2,38%, para 61.234 pontos, com giro financeiro de R$ 5,6 bilhões.
A Bolsa brasileira voltou a demonstrar, assim, um certo distanciamento das turbulências que afetam o mercado dos EUA devido à crise imobiliária e aos temores de recessão na maior potência mundial. Ontem, a visão otimista de que tais problemas teriam pouco impacto sobre a economia local prevaleceu. E, com esse clima mais tranqüilo, o dólar comercial recuou 0,85%, a R$ 1,732.
As ações que puxaram a Bovespa foram justamente as que amargaram as piores quedas na última semana: Petrobras PN, com valorização de 5,3%, e Vale PN, com alta de 2,8%. Os preços de commodities metálicas e agrícolas avançaram no exterior. O petróleo subiu 0,36%, vendido a US$ 101,22 o barril.
Após o pânico da semana passada -na quarta-feira, a Bolsa paulista recuou 5,01%-, os investidores moderaram a avaliação sobre a demanda global pelas matérias-primas. Muitos economistas prevêem que, mesmo diminuindo um pouco o ritmo, o crescimento da China deve seguir forte.
Depois do fim do expediente, a Vale anunciou que, por falta de acordo, estava encerrando as negociações para a compra da mineradora anglo-suíça Xstrata (leia à pág. B6).
Por volta das 20h, já no "after-market" (sessão de negociações eletrônicas que acontece após o pregão normal), o papel preferencial da companhia disparava 4,81% e a aposta dos operadores é que suba ainda mais hoje, ajudando a Bolsa a se manter em território positivo.
Apesar de enxergarem as vantagens competitivas que a aquisição da Xstrata traria à brasileira, analistas mostravam preocupação com o aumento do endividamento da Vale.
Os papéis de bancos também tiveram destaque no pregão de ontem devido à negativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o governo estaria preparando medidas para conter a explosão do crédito ao consumidor. A ação PN do Bradesco subiu 4,06%; a do Unibanco ganhou 3,78%; e a do Itaú teve alta de 4,85%.

EUA
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,13% e a Nasdaq avançou 0,61%.
Pela manhã, quando os mercados ainda buscavam uma tendência, saiu o índice de confiança do consumidor medido pela consultoria Conference Board. O indicador recuou de 76,4 pontos em fevereiro para 64,5 pontos em março, o menor nível em cinco anos. Tal número causa apreensão pelos economistas porque um terço do PIB americano depende dos gastos do consumidor.
Estudo realizado pela agência de classificação de risco Standard & Poor's apontou que os preços de imóveis nos EUA desabaram 11,4% em janeiro, a maior queda desde 1987.
De acordo com essa pesquisa, há 19 meses se inverteu a trajetória de alta dos preços de imóveis. Diante disso, quem costumava refinanciar a casa pegando como "troco" a diferença de valores perdeu importante fonte de recursos para o consumo e o financiamento de despesas do dia-a-dia. Então, veio a elevação dos juros, que fez crescer a taxa de inadimplência.


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