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PACOTE HABITACIONAL
Especialistas veem avanço em regularização de terrenos
Ajustes finais no programa habitacional levaram críticos a revisar suas avaliações
No entanto ainda há pontos
que precisam de maior
definição; preocupações
com aspectos urbanísticos
ainda permanecem
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Até então crítico do pacote
habitacional do governo, o presidente da FNA (Federação Nacional dos Arquitetos), Ângelo
Arruda, reviu sua avaliação ontem, após o anúncio oficial. Foram três os "fatores decisivos":
o aumento de 20% para 40%
das casas destinadas às rendas
de até três salários mínimos; a
diminuição do subsídio para as
classes de maior renda; e a decretação da MP da regularização fundiária -até ontem, a regulação do terreno não havia sido mencionada pelo governo.
Evaniza Rodrigues, da União
Nacional por Moradia Popular,
diz que "ainda está digerindo as
medidas", já que há "muita coisa ainda para entender como
vai funcionar", mas elogia a MP
e o aumento de aporte de recursos do Orçamento da União para a baixa renda -de cerca de
R$ 3 bilhões, anunciados inicialmente, para R$ 16 bilhões.
No entanto diz que permanecem algumas preocupações, como a inserção urbana das moradias, os parâmetros de projetos apresentados pela Caixa
-"minúsculos, 32 m2 de área
interna para casas e 37 m2 para
apartamentos"-, e o direcionamento de boa parte dos recursos para construtoras, em
detrimento das cooperativas.
O estudioso de políticas urbanas Kazuo Nakano diz que
há claro esforço de atingir as
necessidades habitacionais da
baixa renda e que, nesse processo, as prefeituras ganham
papel de destaque no atendimento das famílias e na regulação dos empreendimentos.
"Qual é o alerta? A nossa tradição de distribuição de casas populares segue critérios clientelistas e eleitoreiros (...). [Sugiro] que as prefeituras sejam
equipadas para realizar isso
com democracia", diz.
Para Arruda, o modelo de habitação popular proposto pelo
plano é novo e combina questões que, até então, não haviam
sido pensadas em conjunto, como registro em cartório, regularização fundiária, trâmite de
licenças ambientais e aceleração de aprovação de projetos
nas prefeituras. "A crítica está
na direção de melhorar a edificação dos projetos", diz.
Mas ainda há ressalvas: garantir que o PlanHab (Plano
Nacional de Habitação, finalizado no ano passado, no Conselho de Cidades) seja mais conectado ao pacote, fazendo
com que as medidas não durem
apenas até 2011. O PlanHab,
que pensou mecanismos como
o fundo garantidor, agora aproveitado, prevê ações até 2023.
Para a economista e consultora da FGV Projetos Ana Maria Castelo, "o governo se comprometeu a reduzir a burocracia e a aumentar a agilidade,
mas não disse como vai fazer
isso". Castelo diz que uma dificuldade para o sucesso do pacote seria as empresas acharem
que as medidas são localizadas
no tempo. "Na medida em que
vejam regras e recursos definidos, vão se mobilizar. E 1 milhão [de moradias] é suficiente
para aquecer o setor", acredita.
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