São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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análise

Pacote terá reflexos na eleição de 2010

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com boa dose de razão, o governo e a oposição veem o pacote habitacional como uma medida econômica de caráter político. Independentemente de seu sucesso ou fracasso, o pacote terá reflexos na sucessão presidencial de 2010.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pacote combina estímulo ao emprego na hora de crise com nova iniciativa para a camada mais pobre da população. Na maré baixa da economia, Lula quer reforçar a imagem de que faz um governo que prioriza os mais pobres.
Numa óbvia jogada política, não foi coincidência o presidente ter escalado a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para o discurso de apresentação do pacote. Mas a provável candidata do PT fez um discurso técnico, chato, pouco sedutor do ponto de vista eleitoral. Ficou claro que precisará de muito treino para usar uma linguagem de candidata.
Mas o fato é que Lula pôs a ministra para bater o pênalti. Associou o pacote a ela. E assim tem feito com outras medidas do governo: tenta colar na ministra o que parece bom aos olhos do público.
Apesar de convidados, os dois principais pré-candidatos da oposição não deram o ar de suas graças no evento "dilmista". Os governadores e tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) fizeram questão de marcar suas ausências. Nas reuniões de Dilma com governadores para discutir a elaboração do pacote, Serra e Aécio demonstraram pouco interesse em participar da iniciativa.
Lula piscou ontem ao pedir para não ser cobrado caso fracasse a meta de construir 1 milhão de casas no biênio 2009-2010. Recuou em relação a declarações públicas de que construiria tal montante. Demonstrou fraqueza. Pareceu não botar muita fé no plano que anunciava. A fala de Lula soou como "vacina" para cobranças na campanha eleitoral caso o pacote naufrague.
(KENNEDY ALENCAR)

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