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São Paulo, sábado, 26 de abril de 2003

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Mercado informal em SP reduz desemprego em um ano

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de desemprego de março, medida pelo IBGE, manteve-se em alta pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 12,1%, contra 11,6% de fevereiro. Mas houve redução na comparação com a taxa de 12,9% de março do ano passado. O número de desocupados passou de 2,386 milhões em fevereiro para 2,515 milhões em março deste ano.
O IBGE constatou também que uma inusitada informalização do emprego em São Paulo foi a principal razão para o crescimento de 1,039 milhão no número de pessoas ocupadas no período de um ano. São Paulo contribuiu com 41% do crescimento total, com um aumento de 426 mil postos de trabalho. Desses, pelo menos 77% foram informais.
Para o IBGE, apesar de apresentar uma tendência de alta, o desemprego está, basicamente, estacionado em um patamar elevado. Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), disse que, como a pesquisa tem uma margem de erro, ou intervalo de confiança, de 3%, os números apurados neste ano representam "virtual estabilidade".
A chefe do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE, Ângela Jorge, também minimizou a importância do aumento da taxa de desemprego. Segundo ela, "somente com uma série maior será possível saber a tendência".
Jorge disse também que, historicamente, a taxa de desemprego apresenta trajetória de alta nos três primeiros meses do ano -que neste ano coincidem com os três primeiros meses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva-, passando a cair a partir de abril.
O atual formato da Pesquisa Mensal de Emprego começou a ser divulgado em novembro do ano passado e muitos especialistas consideram que a pesquisa ainda está em fase de definição.

Informalidade
O próprio IBGE ainda tem dificuldades para explicar números mostrados pela pesquisa. A constatação de que o número de pessoas ocupadas aumentou 1,039 milhão de março do ano passado para março deste ano -de 17,205 milhões para 18,244 milhões-, um aumento de 6%, exigiu um estudo especial, ainda não concluído, para ser compreendida.
Um surto de trabalho informal em São Paulo, área na qual, segundo o IBGE, a estrutura do emprego é basicamente formal, foi apontada como a principal causa para o fenômeno.
Dos 426 mil novos postos de trabalho surgidos na região metropolitana da capital paulista no período, 194 mil foram sem carteira assinada e 133 mil foram de trabalho por conta própria, totalizando 327 mil, ou 77% do total. Apenas 39 mil empregos com carteira assinada (9% do total) contribuíram para o aumento da ocupação em São Paulo no período.
Nas seis regiões, a contribuição dos empregos com carteira assinada para o aumento da ocupação foi de 25%, enquanto a do trabalho informal foi de 55%.
Ângela Jorge disse que é cedo para dizer que a estrutura do mercado de trabalho de São Paulo está mudando. Segundo ela, será preciso esperar mais para saber se os números refletem uma tendência ou um período atípico.


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