|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CURTO-CIRCUITO
Montante a ser renegociado equivale a pouco menos de US$ 500 mi; queda do faturamento prejudica empresa
Light anuncia reestruturação de dívida
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais um problema de solvência
no setor elétrico veio à tona ontem. A Light, principal empresa
de distribuição de energia do Estado do Rio, comunicou ao mercado que vai reestruturar parte de
sua dívida. A Folha apurou que o
montante que será renegociado
equivale a pouco menos de US$
500 milhões e se refere aos compromissos da empresa com instituições financeiras.
O restante da dívida -que no
total somava US$ 1,5 bilhão no
fim de 2002- não será renegociado agora. Entre os bancos credores, estão importantes instituições, como Deutsche Bank, BBA
Creditanstalt (hoje parte do Itaú
BBA) e Citibank. O último, além
de credor, foi contratado pela
Light para prestar assessoria no
processo de reestruturação.
Procurada pela Folha, a Light
não quis comentar a decisão de
renegociar sua dívida.
Mas a notícia não chegou a pegar o mercado de surpresa. Ao
contrário, analistas já esperavam
que a empresa tivesse de partir
para a reestruturação da dívida
em consequência de sua delicada
situação financeira.
Por conta dessa expectativa e
dos resultados ruins apresentados
pela empresa -que teve prejuízo
líquido de R$ 1,25 bilhão em
2002-, o valor da ação já havia
despencado. Desde o início do
ano, o papel da empresa tem desvalorização acumulada de 38,7%.
Ontem, o papel recuou 6,6% após
o anúncio da reestruturação.
Principais problemas
São dois os principais problemas da Light atualmente: endividamento volumoso e alto nível de
perdas em seu faturamento.
Segundo Sérgio Tamashiro,
analista do Unibanco, a dívida da
Light é mais de cinco vezes superior à geração de caixa, que, nas
contas dele, deve ser de R$ 800
milhões em 2003.
"Esse nível está bastante acima
do recomendável e deixa a empresa numa situação financeira
complicada", diz o analista.
Para ele, a solução ideal para a
Light seria o cancelamento de
parte da dívida por meio, por
exemplo, da conversão de parcela
dos débitos que a empresa têm
com sua controladora em capital.
Sem dinheiro
O problema é que a EDF não parece disposta a injetar mais dinheiro no Brasil tão cedo. No ano
passado, a empresa estatal francesa havia feito um aporte de capital
na Light de R$ 2,35 bilhões. Mas
agora congelou todas as possibilidades de novos investimentos no
Brasil.
Outro grande problema da
Light é o elevado grau de perda de
energia por causa principalmente
de fraudes em medidores residenciais. A Folha apurou que o percentual de perda de faturamento
chegou a 24% no início deste ano.
Em 2001, era de 16%. No mercado, esse valor é de cerca de 10%.
Crise no setor
O anúncio da reestruturação da
dívida da Light acontece em um
momento em que o setor de energia enfrenta uma profunda crise.
A Eletropaulo, por exemplo, está
parcialmente inadimplente.
Além do excesso de energia elétrica, que prejudica o faturamento das empresas, existe uma grande incerteza sobre os rumos que a
regulação tomará nesse novo governo. Com tudo isso, os investimentos no setor estão praticamente congelados.
Texto Anterior: Renda média completa oito meses sem subir Próximo Texto: Crise no ar: Vasp retorna ao vermelho e põe a culpa no dólar Índice
|