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PREVIDÊNCIA
Bancos e seguradoras criticam teto de R$ 2.400 e tentam influir na reforma do sistema complementar público
Lobby quer gerir pensão do funcionalismo
DA REPORTAGEM LOCAL
O lobby do setor de previdência
privada já começou a se movimentar para ganhar espaço com o
modelo de reforma do sistema
público de aposentadorias.
As empresas do setor querem
que a previdência complementar
dos funcionários públicos seja gerida pela iniciativa privada, embora regulamentada e fiscalizada
pelo Estado.
Segundo Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp (Associação Nacional de Previdência
Privada), o governo quer induzir
os funcionários a participarem de
fundos fechados, nos moldes dos
atuais fundos de pensão.
"O risco desse modelo é que, se
os fundos tiverem déficit, por má
gestão, o prejuízo seja socializado.
Ou seja, quem vai pagar são todos
os contribuintes", afirma Nascimento.
Na semana passada, ele esteve
em Brasília para defender a posição do setor em audiência pública
promovida pela Comissão Especial da Reforma Previdenciária,
da Câmara dos Deputados.
A maioria dos dirigentes de seguradoras e bancos também não
gostou da ampliação do teto das
aposentadorias de R$ 1.560 para
R$ 2.400, para os setores público e
privado. Eles dizem que, com o
novo teto, os trabalhadores não
teriam estímulo para buscar uma
complementação de renda.
"O novo teto está alto, sem dúvida. Ele não reflete a distribuição
de renda do país, pois 95% da população economicamente ativa
ganha menos de R$ 1.500 por
mês", diz Nascimento.
Há divergências, porém, sobre
o impacto das mudanças nas regras das aposentadorias na expansão das vendas de planos de
previdência. "Na minha opinião,
será neutro. Hoje, quem ganha
menos de R$ 2.400 não tem recursos para comprar um plano de
previdência", diz Júlio Bierrembach, presidente da Realprev.
Para Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, a líder do setor, o aumento do teto não deverá restringir o
mercado. "O novo teto só entrará
plenamente em vigor em 2020.
No mundo todo as reformas do
sistema previdenciário prosseguiram ao longo do tempo e o
mesmo deverá ocorrer aqui", diz.
Para Rossi, mesmo que os funcionários sejam induzidos a buscar fundos de pensão fechados, o
mercado financeiro poderá tentar
atrair o alto funcionalismo para
seus produtos. "Só a aposentadoria oficial e o fundo de pensão não
cobrirão o nível de renda desse
pessoal. Eles terão de buscar complementação de suas aposentadorias", diz. (SANDRA BALBI)
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