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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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PREVIDÊNCIA

Bancos e seguradoras criticam teto de R$ 2.400 e tentam influir na reforma do sistema complementar público

Lobby quer gerir pensão do funcionalismo

DA REPORTAGEM LOCAL

O lobby do setor de previdência privada já começou a se movimentar para ganhar espaço com o modelo de reforma do sistema público de aposentadorias.
As empresas do setor querem que a previdência complementar dos funcionários públicos seja gerida pela iniciativa privada, embora regulamentada e fiscalizada pelo Estado.
Segundo Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp (Associação Nacional de Previdência Privada), o governo quer induzir os funcionários a participarem de fundos fechados, nos moldes dos atuais fundos de pensão.
"O risco desse modelo é que, se os fundos tiverem déficit, por má gestão, o prejuízo seja socializado. Ou seja, quem vai pagar são todos os contribuintes", afirma Nascimento.
Na semana passada, ele esteve em Brasília para defender a posição do setor em audiência pública promovida pela Comissão Especial da Reforma Previdenciária, da Câmara dos Deputados.
A maioria dos dirigentes de seguradoras e bancos também não gostou da ampliação do teto das aposentadorias de R$ 1.560 para R$ 2.400, para os setores público e privado. Eles dizem que, com o novo teto, os trabalhadores não teriam estímulo para buscar uma complementação de renda.
"O novo teto está alto, sem dúvida. Ele não reflete a distribuição de renda do país, pois 95% da população economicamente ativa ganha menos de R$ 1.500 por mês", diz Nascimento.
Há divergências, porém, sobre o impacto das mudanças nas regras das aposentadorias na expansão das vendas de planos de previdência. "Na minha opinião, será neutro. Hoje, quem ganha menos de R$ 2.400 não tem recursos para comprar um plano de previdência", diz Júlio Bierrembach, presidente da Realprev.
Para Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência, a líder do setor, o aumento do teto não deverá restringir o mercado. "O novo teto só entrará plenamente em vigor em 2020. No mundo todo as reformas do sistema previdenciário prosseguiram ao longo do tempo e o mesmo deverá ocorrer aqui", diz.
Para Rossi, mesmo que os funcionários sejam induzidos a buscar fundos de pensão fechados, o mercado financeiro poderá tentar atrair o alto funcionalismo para seus produtos. "Só a aposentadoria oficial e o fundo de pensão não cobrirão o nível de renda desse pessoal. Eles terão de buscar complementação de suas aposentadorias", diz. (SANDRA BALBI)

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