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FOLHA INVEST
MERCADO FINANCEIRO
Investidores mais agressivos realizam lucros e deixam Bolsa; investimentos de longo prazo sobem
Muda perfil dos estrangeiros na Bovespa
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao embolsar lucros, estrangeiros reduzem fluxo para ações brasileiras e promovem uma mudança do perfil de investidores na
Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa).
Sai parte dos estrangeiros alavancados -os que assumem
mais riscos e que queriam realizar
ganhos- e entram, em menor
volume, investidores de horizonte
de longo prazo.
Assim analistas explicam a queda de investimentos estrangeiros
na Bolsa paulista até o último dia
20. O saldo ficou negativo em
R$ 145,441 milhões
Ainda não se configuraria, dizem os especialistas, uma tendência de queda de aplicação estrangeira em ações. Tampouco a saída
de estrangeiros refletiria temor
pela ausência de sinais de retomada da economia americana.
"É muito mais simples que isso.
Há uma rotação de investidores",
diz Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes
da Goldman Sachs, em Nova
York.
"O mercado não opera linearmente. Havia um lucro a realizar.
A probabilidade de cair era maior
do que a de subir [dada a valorização]. E mudou o perfil dos investidores, com a saída dos alavancados e a entrada dos que aplicam
pensando no longo prazo."
No início do mês, ainda houve
um movimento de ingresso de estrangeiros, que foi se reduzindo.
As vendas de ações no período
somaram R$ 2,676,557 bilhões, e
as compras, R$ 2,531,116 bilhões.
Em abril, o mês de maior entrada
de recursos do exterior na Bovespa em 2003, estrangeiros gastaram R$ 4,154 bilhões em ações.
No acumulado do ano, o balanço ainda é positivo em
R$ 1,390,366 bilhão.
Grande parte dos recursos atribuídos a estrangeiros é de brasileiros que investem do exterior
em papéis nacionais. Outra parcela expressiva é composta de fundos de pensão de outros países.
"O volume de saída ainda é pequeno, tranquilo", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do
Lloyd's TSB.
"Os estrangeiros queriam uma
desculpa para vender e embolsar
os lucros que tiveram graças à dupla valorização resultante da alta
das ações e da queda do câmbio."
A Bovespa subiu 16,63% no ano.
Em dólar, esse percentual sobe
para 41,62%.
Dentre as Bolsas internacionais,
a Bovespa é a que mais se valorizou no período depois do índice
Merval, da Argentina -que, entretanto, tem baixa liquidez.
Inflação
O IPC, da Fipe, sai na quarta-feira e deve apontar abrandamento
de preços de combustíveis e de
alimentos na terceira quadrissemana de maio.
Na quinta-feira, o IGP-M do
mês poderá cair 0,2%, em razão
de quedas no atacado, apesar da
alta do INCC (da construção civil), decorrente de dissídio.
No mesmo dia, o Banco Central
divulga a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na semana passada.
Apesar de parte de seu conteúdo aparentemente já ter sido
adiantada, o documento é sempre
esperado como indicador de futuras posições do Copom.
"Sempre é importante, principalmente se mencionar a inflação
no ano que vem", diz um gestor.
Exterior
As atenções do mercado devem
se voltar para o fluxo externo e para uma eventual queda de preços
de ativos "lá fora", diz Thomazoni. "Caso isso ocorra, poderá diminuir o fluxo para emergentes,
que perseguia o diferencial de taxas de juros muito elevado, além
de ativos muito baratos."
Hoje é feriado nos Estados Unidos (Memorial Day, em homenagem aos mortos e veteranos de
guerra). As Bolsas norte-americanas não abrem.
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