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São Paulo, segunda-feira, 26 de maio de 2003

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FOLHA INVEST

MERCADO FINANCEIRO

Investidores mais agressivos realizam lucros e deixam Bolsa; investimentos de longo prazo sobem

Muda perfil dos estrangeiros na Bovespa

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao embolsar lucros, estrangeiros reduzem fluxo para ações brasileiras e promovem uma mudança do perfil de investidores na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Sai parte dos estrangeiros alavancados -os que assumem mais riscos e que queriam realizar ganhos- e entram, em menor volume, investidores de horizonte de longo prazo.
Assim analistas explicam a queda de investimentos estrangeiros na Bolsa paulista até o último dia 20. O saldo ficou negativo em R$ 145,441 milhões
Ainda não se configuraria, dizem os especialistas, uma tendência de queda de aplicação estrangeira em ações. Tampouco a saída de estrangeiros refletiria temor pela ausência de sinais de retomada da economia americana.
"É muito mais simples que isso. Há uma rotação de investidores", diz Paulo Leme, diretor de pesquisa para mercados emergentes da Goldman Sachs, em Nova York.
"O mercado não opera linearmente. Havia um lucro a realizar. A probabilidade de cair era maior do que a de subir [dada a valorização]. E mudou o perfil dos investidores, com a saída dos alavancados e a entrada dos que aplicam pensando no longo prazo."
No início do mês, ainda houve um movimento de ingresso de estrangeiros, que foi se reduzindo.
As vendas de ações no período somaram R$ 2,676,557 bilhões, e as compras, R$ 2,531,116 bilhões. Em abril, o mês de maior entrada de recursos do exterior na Bovespa em 2003, estrangeiros gastaram R$ 4,154 bilhões em ações.
No acumulado do ano, o balanço ainda é positivo em R$ 1,390,366 bilhão.
Grande parte dos recursos atribuídos a estrangeiros é de brasileiros que investem do exterior em papéis nacionais. Outra parcela expressiva é composta de fundos de pensão de outros países.
"O volume de saída ainda é pequeno, tranquilo", diz Pedro Thomazoni, diretor de tesouraria do Lloyd's TSB.
"Os estrangeiros queriam uma desculpa para vender e embolsar os lucros que tiveram graças à dupla valorização resultante da alta das ações e da queda do câmbio."
A Bovespa subiu 16,63% no ano. Em dólar, esse percentual sobe para 41,62%.
Dentre as Bolsas internacionais, a Bovespa é a que mais se valorizou no período depois do índice Merval, da Argentina -que, entretanto, tem baixa liquidez.

Inflação
O IPC, da Fipe, sai na quarta-feira e deve apontar abrandamento de preços de combustíveis e de alimentos na terceira quadrissemana de maio.
Na quinta-feira, o IGP-M do mês poderá cair 0,2%, em razão de quedas no atacado, apesar da alta do INCC (da construção civil), decorrente de dissídio.
No mesmo dia, o Banco Central divulga a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) realizada na semana passada.
Apesar de parte de seu conteúdo aparentemente já ter sido adiantada, o documento é sempre esperado como indicador de futuras posições do Copom.
"Sempre é importante, principalmente se mencionar a inflação no ano que vem", diz um gestor.

Exterior
As atenções do mercado devem se voltar para o fluxo externo e para uma eventual queda de preços de ativos "lá fora", diz Thomazoni. "Caso isso ocorra, poderá diminuir o fluxo para emergentes, que perseguia o diferencial de taxas de juros muito elevado, além de ativos muito baratos."
Hoje é feriado nos Estados Unidos (Memorial Day, em homenagem aos mortos e veteranos de guerra). As Bolsas norte-americanas não abrem.

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