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DESEMPENHO
Rentabilidade das instituições financeiras sobe de 13,6% para 20,6% em 1 ano; a das empresas fica negativa
Banco lucra, indústria entra no vermelho
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Chega ao fim o prazo de publicação dos balanços financeiros de
empresas abertas (com ação em
Bolsa) no primeiro trimestre do
ano. Os resultados mostram que o
setor produtivo "perdeu", e de lavada, para os bancos.
Enquanto a rentabilidade das
instituições financeiras (o lucro
que obtiveram em relação ao patrimônio) passou de 13,6% para
20,6% em um ano -de março de
2002 a março de 2003-, as empresas registraram forte queda na
rentabilidade, que passou de 7,4%
para uma taxa negativa de 0,17%
no período.
Os valores foram ajustados pela
inflação (IGP-DI) e referem-se ao
desempenho de 211 empresas
abertas no país (81% do total). Os
dados foram obtidos cruzando-se
informações da Economática e da
ABM Consulting.
Há essa retração vertiginosa no
retorno das empresas, sobre o capital investido, por diversas razões: 1) o lucro líquido (valor absoluto) despencou; 2) os setores
de energia elétrica e de telecomunicações registraram desempenho pífio, o que ajudou a "contaminar" o total geral.
As empresas de energia, por
exemplo, não tiveram retorno positivo. A rentabilidade ficou negativa em 24,5% no período.
Ao descontar esse fator de pressão do índice geral, a rentabilidade do setor produtivo sobe. Atinge 8,5% neste ano. Ainda é, no entanto, inferior à dos bancos
(20,6%). E é também menor do
que a apurada em março de 2002,
quando chegou a bater em 11,5%.
A análise dos 211 balanços mostra que houve até uma inversão
nos indicadores das companhias:
o lucro líquido (incluindo telefonia e energia) passou de R$ 20,1
bilhões em março de 2002 para
um prejuízo de R$ 343 milhões
em março de 2003.
Quando se excluem resultados
da área de telefonia e energia dessa conta ainda há queda, porém
menos acentuada [veja quadro].
Se o lucro cai, a rentabilidade tende a minguar também.
"A situação está extremamente
delicada. Na área de energia, está
tudo parado", diz Carlos de Paiva
Lopes, presidente da Abinee, que
representa empresas de telefonia,
energia e eletrônica.
Uma outra forma de analisar os
balanços é verificar o desempenho das melhores empresas, tanto na área financeira como no setor produtivo, utilizando o mesmo critério para a seleção. Nesse
caso, a Folha optou pelo valor de
mercado por considerar as empresas com maior peso na Bolsa.
A rentabilidade média das cinco
maiores companhias do país, segundo esse critério, ficou em
17,7% em março. Já os cinco
maiores bancos, escolhidos segundo o tamanho dos ativos e pelo valor de mercado, atingiram taxa média de 32,1%.
Na avaliação da Febraban, entidade que representa os bancos, a
boa safra de balancetes das instituições financeiras é resultado de
uma menor provisão dos bancos
com devedores duvidosos. É o
que diz Roberto Luis Troster, economista-chefe da federação.
Quanto maior a provisão (dinheiro que os bancos acham que
não vão receber de devedores),
menor o lucro. Todos os bancos
também tiveram aumento de receitas com títulos e valores mobiliários, e isso ajuda no resultado.
Os números revelam essa "desvantagem" entre os dois setores,
mas há companhias e segmentos
com desempenhos superiores aos
de bancos. Fabricantes de alimentos e bebidas -são 13 com ação
em Bolsa- registraram, em um
ano, incremento de R$ 460 milhões no lucro total do setor. A
rentabilidade atinge 24%. Na área
de veículos, o retorno sobre o capital investido chega a 30%.
Renegociação das dívidas em
dólares -que subiram após a disparada do dólar em 2002- com
posterior redução no endividamento contribuiu para isso. Corte
nas despesas e forte expansão nas
exportações também ajudaram
certos setores.
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