São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DIAS DE TENSÃO

Ministro diz que aumento do barril não deve provocar efeitos negativos sobre a inflação

Para Palocci, alta do petróleo será temporária

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse ontem acreditar que a alta do petróleo será temporária e não trará efeitos negativos para os índices de preços no país. Palocci também disse que a inflação é como a Hidra de Lerna (serpente de sete cabeças, que renasciam assim que eram cortadas, morta por Hércules), monstro que é preciso combater permanentemente e difícil de matar.
Palocci, que se incorporou à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à China, disse que, há um ano, a inflação anualizada tinha atingido pouco mais de 17%, e hoje já baixou para 5,3%, o que mostra, a seu ver, que houve um avanço importante.
Isso, segundo ele, foi resultado da dura política monetária conduzida pelo governo nesse período. "A política monetária é dura, e é assim que tem de ser mesmo."
Neste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) promoveu só dois cortes nos juros, de 0,25 ponto percentual cada um. Na última reunião, manteve a taxa em 16%.
Sobre a alta do preço do barril do petróleo -que anteontem fechou na cotação recorde de US$ 41,72 em Nova York-, Palocci disse não achar que haja um "choque" semelhante ao que ocorreu na década de 70.
Segundo ele, hoje o mundo dispõe de fontes alternativas de energia não-existentes à época. Por isso, o ministro crê que a crise de hoje seja transitória, mas não arriscou dizer quanto tempo ela durará. "Não sou tão ousado como o Furlan [Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento], que disse que a crise estaria superada em três semanas. Acho até que vai durar um pouco mais."
Ontem, o barril fechou em US$ 41,14 em Nova York, uma baixa de 1,39%. Em Londres, o Brent foi cotado a US$ 37,44 (-1,91%).
Palocci afirmou que tem conversado com a diretoria da Petrobras e que a decisão da empresa é reajustar o preço da gasolina caso persista a alta do petróleo. A Petrobras, segundo Palocci, prefere adotar uma política de cautela em casos como esses para não ter de baixar o preço logo depois.

Inflação
Palocci disse que a expectativa mais alta de inflação que o governo enviou anteontem ao Congresso foi baseada em pesquisa de mercado com várias instituições.
O relatório, elaborado pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, projeta inflação de 6,37% para este ano, em vez de 5,5%, que é a meta central para o IPCA.
O ministro disse que a Fazenda não faz pesquisa de inflação, e sim apura no mercado para encaminhar, a cada dois meses, estimativas do índice para que o Planejamento possa calcular o crescimento mensal do Orçamento.
Segundo Palocci, na próxima reunião do CMN em junho, para definir a meta de inflação para 2006, será consolidada uma agenda de crescimento.
Sobre a possibilidade de mudança da meta para 2005, ele disse que a pauta é a meta para 2006. "Não tem sentido o Brasil mudar o sistema de metas de inflação."


Texto Anterior: Luís Nassif: A Operação Vampiro e o retrocesso
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.