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DIAS DE TENSÃO
Ministro diz que aumento do barril não deve provocar efeitos negativos sobre a inflação
Para Palocci, alta do petróleo será temporária
GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, disse ontem acreditar que a alta do petróleo será
temporária e não trará efeitos negativos para os índices de preços
no país. Palocci também disse que
a inflação é como a Hidra de Lerna (serpente de sete cabeças, que
renasciam assim que eram cortadas, morta por Hércules), monstro que é preciso combater permanentemente e difícil de matar.
Palocci, que se incorporou à comitiva do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na viagem à China,
disse que, há um ano, a inflação
anualizada tinha atingido pouco
mais de 17%, e hoje já baixou para
5,3%, o que mostra, a seu ver, que
houve um avanço importante.
Isso, segundo ele, foi resultado
da dura política monetária conduzida pelo governo nesse período. "A política monetária é dura, e
é assim que tem de ser mesmo."
Neste ano, o Copom (Comitê de
Política Monetária) promoveu só
dois cortes nos juros, de 0,25 ponto percentual cada um. Na última
reunião, manteve a taxa em 16%.
Sobre a alta do preço do barril
do petróleo -que anteontem fechou na cotação recorde de US$
41,72 em Nova York-, Palocci
disse não achar que haja um "choque" semelhante ao que ocorreu
na década de 70.
Segundo ele, hoje o mundo dispõe de fontes alternativas de energia não-existentes à época. Por isso, o ministro crê que a crise de
hoje seja transitória, mas não arriscou dizer quanto tempo ela durará. "Não sou tão ousado como o
Furlan [Luiz Fernando Furlan,
ministro do Desenvolvimento],
que disse que a crise estaria superada em três semanas. Acho até
que vai durar um pouco mais."
Ontem, o barril fechou em US$
41,14 em Nova York, uma baixa
de 1,39%. Em Londres, o Brent foi
cotado a US$ 37,44 (-1,91%).
Palocci afirmou que tem conversado com a diretoria da Petrobras e que a decisão da empresa é
reajustar o preço da gasolina caso
persista a alta do petróleo. A Petrobras, segundo Palocci, prefere
adotar uma política de cautela em
casos como esses para não ter de
baixar o preço logo depois.
Inflação
Palocci disse que a expectativa
mais alta de inflação que o governo enviou anteontem ao Congresso foi baseada em pesquisa de
mercado com várias instituições.
O relatório, elaborado pela Secretaria de Política Econômica do
Ministério da Fazenda, projeta inflação de 6,37% para este ano, em
vez de 5,5%, que é a meta central
para o IPCA.
O ministro disse que a Fazenda
não faz pesquisa de inflação, e sim
apura no mercado para encaminhar, a cada dois meses, estimativas do índice para que o Planejamento possa calcular o crescimento mensal do Orçamento.
Segundo Palocci, na próxima
reunião do CMN em junho, para
definir a meta de inflação para
2006, será consolidada uma agenda de crescimento.
Sobre a possibilidade de mudança da meta para 2005, ele disse
que a pauta é a meta para 2006.
"Não tem sentido o Brasil mudar
o sistema de metas de inflação."
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