São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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Bancos não repassam toda a elevação da Selic

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dados coletados até o dia 13 de maio revelam uma nova alta na taxa média de juros nos empréstimos ao consumidor neste mês, de 1,1 ponto percentual, totalizando 65,6% ao ano. Apesar disso, os analistas financeiros dizem que os bancos não estão repassando toda a alta da Selic, a taxa básica da economia, à ponta do mercado. Tanto que a demanda por crédito continua crescente, embora tenha desacelerado a partir de abril.
Na taxa média ao consumidor estão incluídos os juros cobrados no cheque especial, no cartão de crédito, no crédito pessoal, no financiamento de veículos e no CDC (Crédito Direto ao Consumidor, o crediário das lojas).
Em maio, de acordo com os dados preliminares divulgados ontem pelo Banco Central, o repasse da escalada da Selic aumentou. Em setembro do ano passado - quando a Selic começou a decolar- a taxa média ao consumidor estava em 63,2% ao ano e a Selic, em 16%. "De setembro a abril, a Selic subiu 3,5 pontos percentuais, enquanto a taxa média ao consumidor aumentou apenas 1,3 ponto percentual", diz Álvaro Musa, principal executivo da Partner Consultoria.
Em maio, o Copom (Conselho de Política Monetária do Banco Central) puxou a taxa básica para 19,75% ao ano. Considerando a prévia dos juros médios ao consumidor, divulgada ontem pelo BC, houve um aumento de 2,4 pontos percentual na taxa média de juros ao consumidor nos últimos nove meses. Já a Selic aumentou 3,75 pontos percentuais nesse mesmo período.
Segundo Musa, as duas taxas não têm subido linearmente porque os bancos estão absorvendo parte do impacto da política monetária. Isso está sendo possível devido ao aumento no volume de crédito concedido e à redução da inadimplência.
"O mercado não está acatando a decisão do BC e está absorvendo parte do aumento da Selic porque o remédio está maior do que o paciente precisa- a inflação não está crescendo tanto", observa Roberto Rigotto, vice-presidente do banco BMG.
Esse "amortecedor" à alta da Selic permitiu que o volume de crédito continuasse crescendo no primeiro trimestre, segundo dados da Partner. O saldo de empréstimos chegou a R$ 127 bilhões em abril, com um crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior.
Em março, o saldo de empréstimos havia crescido 3,3%, em fevereiro, 2,8%, e em janeiro, 2,7% -sempre em relação ao mês anterior."Houve uma desaceleração, e ela deverá continuar, mas isso não significa queda de demanda, mas crescimento menor", diz Musa.


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