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Bancos não repassam toda a elevação da Selic
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dados coletados até o dia 13 de
maio revelam uma nova alta na
taxa média de juros nos empréstimos ao consumidor neste mês, de
1,1 ponto percentual, totalizando
65,6% ao ano. Apesar disso, os
analistas financeiros dizem que os
bancos não estão repassando toda
a alta da Selic, a taxa básica da economia, à ponta do mercado. Tanto que a demanda por crédito
continua crescente, embora tenha
desacelerado a partir de abril.
Na taxa média ao consumidor
estão incluídos os juros cobrados
no cheque especial, no cartão de
crédito, no crédito pessoal, no financiamento de veículos e no
CDC (Crédito Direto ao Consumidor, o crediário das lojas).
Em maio, de acordo com os dados preliminares divulgados ontem pelo Banco Central, o repasse
da escalada da Selic aumentou.
Em setembro do ano passado -
quando a Selic começou a decolar- a taxa média ao consumidor
estava em 63,2% ao ano e a Selic,
em 16%. "De setembro a abril, a
Selic subiu 3,5 pontos percentuais, enquanto a taxa média ao
consumidor aumentou apenas 1,3
ponto percentual", diz Álvaro
Musa, principal executivo da
Partner Consultoria.
Em maio, o Copom (Conselho
de Política Monetária do Banco
Central) puxou a taxa básica para
19,75% ao ano. Considerando a
prévia dos juros médios ao consumidor, divulgada ontem pelo BC,
houve um aumento de 2,4 pontos
percentual na taxa média de juros
ao consumidor nos últimos nove
meses. Já a Selic aumentou 3,75
pontos percentuais nesse mesmo
período.
Segundo Musa, as duas taxas
não têm subido linearmente porque os bancos estão absorvendo
parte do impacto da política monetária. Isso está sendo possível
devido ao aumento no volume de
crédito concedido e à redução da
inadimplência.
"O mercado não está acatando a
decisão do BC e está absorvendo
parte do aumento da Selic porque
o remédio está maior do que o paciente precisa- a inflação não está crescendo tanto", observa Roberto Rigotto, vice-presidente do
banco BMG.
Esse "amortecedor" à alta da Selic permitiu que o volume de crédito continuasse crescendo no
primeiro trimestre, segundo dados da Partner. O saldo de empréstimos chegou a R$ 127 bilhões
em abril, com um crescimento de
1,7% em relação ao mês anterior.
Em março, o saldo de empréstimos havia crescido 3,3%, em fevereiro, 2,8%, e em janeiro, 2,7%
-sempre em relação ao mês anterior."Houve uma desaceleração, e ela deverá continuar, mas
isso não significa queda de demanda, mas crescimento menor",
diz Musa.
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