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MERCADO TENSO
Fitas envolvendo o presidente FHC e oscilação externa fazem Bovespa cair 4,95% e dólar subir; BC intervém
Gravações e NY derrubam Bolsa e real
MARCELO DIEGO
da Reportagem Local
A apreensão causada pela divulgação de novas conversas telefônicas do presidente Fernando Henrique Cardoso e a instabilidade da
Bolsa de Nova York foram os fatores responsáveis pela queda da
Bolsa de São Paulo e pela alta do
dólar comercial, ontem.
A Bovespa fechou o pregão em
queda de 4,95%. Anteontem, já havia caído 4,88% -a maior queda
desde 14 de janeiro.
O dólar comercial fechou cotado
a R$ 1,732 (venda), com alta de
0,35% em relação a anteontem. O
dólar médio registrado pelo BC
(Ptax) fechou em R$ 1,748 -alta
de 2,91%.
O Banco Central teve que intervir
duas vezes (pela manhã e à tarde)
no mercado de câmbio para conter
a alta do dólar. Ele vendeu a moeda
norte-americana a R$ 1,755 e a R$
1,760 em cada turno.
O dólar atingiu R$ 1,762, mas reduziu a alta no fim do pregão.
O mercado interno abriu nervosamente os negócios por causa da
publicação, pela Folha, ontem, de
conversas gravadas envolvendo a
participação do presidente no leilão da Telebrás.
Logo nos primeiros 15 minutos
de pregão, a Bovespa registrava
queda de 1,26%. A Bolsa chegou a
cair 5,27%.
A queda começou a ser revertida
após a abertura da Bolsa de Nova
York. O mercado norte-americano
abriu calmo, diminuindo o temor
de aumento nos juros internos.
A Bovespa passou a acompanhar
o índice Dow Jones. No início da
tarde, Nova York, no entanto, voltou a apresentar queda (fechou o
pregão em baixa de 1,16%), seguida em São Paulo.
Das 47 ações mais negociadas na
Bovespa, nenhuma registrou alta
ontem. Duas ficaram estáveis.
Cinco ações de telefonia apareceram entre as mais negociadas, todas apresentando queda.
Os operadores de câmbio disseram que o mercado estava agitado
ontem por causa da perspectiva da
criação de uma CPI sobre o leilão
da Telebrás.
Uma investigação poderia abalar
a credibilidade das privatizações
no país, paralisar a atividade parlamentar (adiando votações importantes, como a da reforma tributária) e enfraquecer politicamente o
governo federal.
Com o movimento de saída de
investidores estrangeiros da Bolsa,
ontem, e com poucos dólares no
mercado, a moeda norte-americana começou a subir.
Os C-Bonds, títulos brasileiros
mais negociados no exterior, tiveram alta de 1,85%, ontem. No fechamento, os papéis valiam 62%
de seu valor de face.
"Os C-Bonds vinham apresentando queda muito forte nos últimos dias e tinham espaço para recuperação. O chamado "efeito Argentina' está perdendo um pouco a
força lá fora e, por enquanto, o
problema com a Telebrás não ganhou repercussão externa", disse
Marcelo Guterman, da Lloyds Asset Management.
O "efeito Argentina" (medo de
que o peso estivesse sofrendo um
ataque especulativo e perdesse a
paridade com o dólar) vinha influenciando os negócios no Brasil e
causando a desvalorização de títulos de países emergentes.
Ontem foi feriado na Argentina,
diminuindo a influência sobre o
mercado brasileiro.
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