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MERCOSUL
Prováveis sucessores de Menem na Presidência dizem ser contra a dolarização, pretendida pelo atual governo; eleição será em outubro
Candidatos são contra dolarizar a Argentina
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
Os dois candidatos à Presidência
da Argentina com maiores chances de serem eleitos em outubro
descartam a dolarização. Nos últimos dias, altos membros do governo Menem admitiram adotar o dólar como moeda nacional.
"Nossa chapa não considera a
dolarização uma opção", disse Jorge Remes Lenicov à Folha. Lenicov
é cotado para o cargo de ministro
da Economia de um eventual governo de Eduardo Duhalde.
Duhalde é o candidato do Partido Justicialista (PJ). Embora correligionário do presidente Carlos
Menem, ele faz críticas ao atual governo. Segundo ele, sua vitória não
será um aprofundamento do modelo econômico atual.
O candidato da coalizão de oposição, Fernando de la Rúa, também
descarta a dolarização. "A Aliança
não considera a dolarização uma
proposta séria", disse ele.
De la Rúa disse que prefere adotar uma moeda única com o Mercosul (Brasil, Uruguai, Paraguai e
Argentina), em vez de dolarizar.
A chapa de Duhalde lidera as
pesquisas com 38% das intenções
de votos nas eleições de 24 de outubro. A chapa da oposição, a Aliança, está com 34%.
O nome individual de De la Rúa,
por outro lado, ganha por 10 pontos do nome de Duhalde. De la Rúa
tem 31% da intenções de voto.
A posição dos prováveis ocupantes da Casa Rosada (sede do governo federal) a partir do dia 10 de dezembro desautoriza as declarações
do ministro da Economia, Roque
Fernández, que sugere a dolarização da Argentina em 2001.
As conversas de Fernández com
autoridades do Tesouro dos EUA,
para um acordo que possibilite a
adoção do dólar como moeda nacional, estariam sendo em vão.
Segundo os candidatos, o projeto
acabaria com o governo Menem,
que afirmou estar "deixando a casa
em ordem".
Mas o chefe de gabinete dos ministérios, Jorge Rodríguez, voltou
a afirmar ontem que o "objetivo do
governo é dolarizar".
Para Lenicov, as declarações da
equipe de Menem revelam a vontade do atual presidente de continuar no poder. "Isso não é mais
possível", disse o candidato a ministro. O projeto de Menem de
modificar a Constituição para tentar uma terceira eleição fracassou.
Lenicov e De la Rúa também rechaçam uma dolarização unilateral, sem prévio acordo com os
EUA. A proposta é do vice-ministro da Economia, Paulo Guidotti:
"Se a Argentina sofrer um ataque
especulativo, a resposta será uma
dolarização unilateral".
"Essa é uma proposta para o futuro, com a qual eu não compartilho", disse De la Rúa.
Para Lenicov, o país tem condições de manter a conversibilidade
e conseguirá enfrentar um eventual ataque especulativo.
Segundo ele, uma dolarização
unilateral significaria a perda de
US$ 750 milhões para a Argentina.
"Dinheiro que não podemos perder no momento", disse o secretário de Planejamento Estratégico da
Presidência, Jorge Castro.
A análise de Lenicov coincide
com a do economista do MIT
(Massachusetts Institute of Technology) Rudiger Dornbusch, para
quem o peso não está sobrevalorizado e a Argentina está bem. Segundo Dornbusch, que considera
a dolarização uma boa idéia, a medida não precisa ser tomada agora.
Dornbusch rebateu as afirmações do megainvestidor George
Soros, que disse (e depois negou)
que o peso está sobrevalorizado.
Outro figurão do MIT, Paul
Krugman, concorda com Soros.
Segundo ele, no entanto, sair da
conversibilidade não seria uma
boa medida agora.
Krugman acha que, se a Argentina quiser continuar com a paridade dólar-peso para sempre, terá de
dolarizar. Mas, para ele, a conversibilidade não deve ser eterna.
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