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'ESPETÁCULO DO CRÉDITO'
Presidente vê revolução no financiamento aos pobres
Pacote tem caráter social e
ajudará excluídos, diz Lula
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao anunciar o pacote de medidas para ampliação do microcrédito com a aplicação de cerca de
R$ 2,95 bilhões de recursos públicos e privados, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse ontem
que as medidas têm caráter social
e ajudarão a combater o que classificou de "exclusão" financeira
da população.
Entre os principais pontos do
pacote está a autorização para a
abertura de contas especiais para
a população de baixa renda, com
a apresentação do documento de
identidade (RG), CPF e o preenchimento de uma ficha simplificada. A conta será vinculada a um
cartão magnético que pode ser
utilizado para o saque de benefícios do governo.
Hoje, segundo a Caixa Econômica Federal, 25 milhões de brasileiros não têm acesso a banco.
Algumas das medidas não têm
prazo definido para entrar em vigor porque dependem de prazo e
de autorização para sua implementação. Entre elas, está o lançamento do Banco Popular do Brasil, uma vez que o governo vai
aguardar antes a aprovação da
medida provisória que o cria.
Outras, como a abertura de conta simplificada e mudanças nas
regras de cooperativas de crédito,
já foram aprovadas pelo governo.
O pacote anunciado prevê a
criação de um banco de microfinanças e de uma empresa administradora de consórcios -ligados ao Banco do Brasil. O governo
também estimulará a concessão
de empréstimos privados de R$
200 a R$ 600 a juros de 2% ao mês,
com recursos a serem definidos.
Segundo Lula, o Banco do Brasil
facilitará o financiamento de bens
duráveis para que os consumidores, principalmente de baixa renda, possam evitar as "taxas de crediário abusivas que dobram ou
triplicam o valor do produto".
Para o presidente, a demora no
anúncio do plano não se traduz
em "negligência" do governo,
mas sim na necessidade de amadurecimento das propostas, a
maioria das quais já havia sido
antecipada. "Se não apresentamos antes, não foi por negligência, mas pelo tempo necessário
que nós precisamos para fazer o
debate e apresentar a proposta
madura."
"Temos objetivos claros. Por isso, escolhemos o caminho do crédito cooperativo e do microcrédito para romper a muralha financeira que transformava milhões
de brasileiros em seres invisíveis
-sem lugar no presente e sem
acesso ao futuro", disse Lula em
cerimônia no Planalto.
De acordo com o presidente, os
pequenos empréstimos a 2% ao
mês significam "uma revolução
para o financiamento das pessoas
mais pobres".
Lula também disse que as medidas ajudarão a derrubar os juros e
acabar com a "situação anômala
de "spreads" tão altos". "Spread" é
a diferença entre o custo de captação do dinheiro e aquele cobrado
pelos bancos na hora do repasse.
"Embora em expansão, o crédito cooperativo ainda está limitado
a 1,5% das operações. Essa, sem
dúvida, é uma das causas dos juros altíssimos praticados entre
nós. Mas eles já começaram a cair
e vão baixar mais. Com responsabilidade, mas também com mudanças estruturais e duradouras
no sistema financeiro nacional",
disse o presidente.
De acordo com Lula, a exclusão
brasileira pode ser retratada pela
divisão da população em dois
"pólos" na economia: "uma minoria que transita com desenvoltura pelo mercado financeiro e
uma imensa maioria que nem sequer possui conta em banco".
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