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PETROQUÍMICA
Consórcio pagou preço mínimo de R$ 785 milhões; grupo Ultra, outro interessado, não participou do leilão
Odebrecht-Mariani leva Copene, sem ágio
ADRIANA MATTOS
JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL
O consórcio Odebrecht-Mariani assumiu ontem o controle da
Copene ao oferecer, em leilão, R$
785 milhões por ações que pertenciam ao banco Econômico. Não
houve ágio, já que o valor corresponde ao preço mínimo. Representantes do grupo Ultra, que
também estava na disputa, nem
compareceram ao hotel Maksoud
Plaza, onde ocorreu o leilão. Em
nota oficial, o Ultra disse que desistiu pois acreditava que seria
prejudicado diante da "condição
privilegiada" do grupo baiano.
O Ultra se refere ao "direito de
preferência" que a Odebrecht
possuía na operação. Com essa
vantagem, a empresa poderia
"empatar o lance" (fazer a mesma
oferta) que o Ultra apresentasse
no prazo de até 60 dias após o leilão. E ainda contaria com mais 30
dias para fazer a liquidação financeira. Não foi necessário lançar
mão desse direito porque não
houve concorrentes.
A Odebrecht conseguiu o "direito de preferência" por ser dona
de parte da Conepar, empresa que
possui participação na Norquisa,
que, por sua vez, controla a Copene. Nessa intrincada composição
societária, tanto Odebrecht como
Ultra também detêm ações da
própria Norquisa.
Ao final do leilão, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio Odebrecht,
presidente do grupo, disse à Folha que o Ultra já havia perdido a
chance de comprar a Copene na
segunda tentativa de realizar o leilão, em março, quando era o único interessado. O Ultra não concluiu a operação por considerar o
preço alto. "Sabia que eles não
apareceriam. Estou aliviado", diz.
O leilão de ontem foi a terceira
tentativa do Banco Central de
vender as ações da Norquisa pertencentes ao Econômico, em liquidação extrajudicial desde
1995. Com a aquisição, o consórcio Odebrecht-Mariani, que já
possuía 32% da Norquisa, passa a
deter agora 55,8%. O consórcio
deve ainda negociar a compra das
ações da Suzano na Copene, elevando a participação para 64%.
No mercado, analistas estimam
que essa nova Copene, que aglutinará todos os negócios da Odebrecht no segmento, estará entre
as 15 maiores petroquímicas do
mundo. Estudo do Sudameris
prevê que a empresa terá faturamento anual de R$ 7,3 bilhões e
geração de caixa de R$ 1,6 bilhão.
"Vamos formar uma grande
empresa de capital aberto e com
forte presença no mercado internacional", afirmou Álvaro Cunha, presidente da OPP, braço da
Odebrecht na área petroquímica.
"Esse setor já está com atraso de
uma década no Brasil."
Para o Banco Central, o resultado do leilão foi decepcionante.
Como o ganhador pagará o preço
mínimo pelas ações, haverá menos recursos para abater a dívida
do Econômico sob intervenção
do BC. Apenas 10% das dívidas
serão quitadas com os R$ 785 milhões obtidos com a venda, segundo o próprio liquidante, Natalício Pegorini. "Me sinto frustrado. Esperava que aparecessem
mais concorrentes."
A liquidação financeira será feita amanhã, com dinheiro obtido
por meio de financiamento dos
bancos Citibank e ABN Amro
Bank. A Odebrecht não colocou
um centavo.
Disputa
Desde dezembro, o Banco Central tenta vender a Copene, mas os
desentendimentos entre os interessados e as disputas na Justiça
atrasaram a operação. A disputa
levou a uma guerra de liminares
entre o Ultra e a Odebrecht. Na última sexta-feira, a Odebrecht conseguiu uma liminar que exigia
que fosse respeitado o seu "direito
de preferência" de compra.
Nos últimos dias, o grupo Ultra
tentava suspender a venda. A empresa entrou na segunda-feira
com recurso na Justiça do Rio de
Janeiro contra o modelo do leilão.
Na noite de terça-feira, o pedido
foi negado. Era a última tentativa
de Paulo Cunha, do grupo Ultra,
de aquirir a Copene e vencer a
Odebrecht, sua rival.
O Ultra também pensou em ir à
leilão via grupo Monteiro Aranha,
do qual é sócio minoritário. Mas a
empresa desistiu da estratégia.
Caso Econômico
O diretor de Finanças Públicas
do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, disse que espera terminar a liquidação extrajudicial
do Econômico até março do ano
que vem.
O próximo passo é vender a
participação acionária que o banco possui na Açominas. Segundo
Freitas, essa venda será efetivada
por meio de leilão que deve ocorrer em 15 de setembro.
Colaborou Ney Hayashi da Cruz, da Sucursal de Brasília
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