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Setor precisa mudar para ser competitivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Num prazo de cinco anos, o
setor petroquímico brasileiro
precisará sofrer uma mudança
radical em sua atual estrutura
se quiser tornar-se competitivo
no exterior, dizem analistas do
segmento. O primeiro passo foi
dado ontem, com a venda da
Copene para o consórcio Odebrecht-Mariani. Isso porque
será uma espécie de exemplo
para futuras mudanças dos
demais pólos petroquímicos.
Um dos atuais impasses é justamente a complexa composição societária das empresas
que participam do setor. Uma
mesma empresa, hoje, conta
com vários acionistas, que
também se encontram na composição acionária de empresas
concorrentes ou fornecedoras.
Analistas afirmam que essa
pulverização dificulta as decisões estratégicas, principalmente em relação à execução
de investimentos. "O atual modelo de operação do setor vem
causando a redução da competitividade em relação a grupos
internacionais", diz José Francisco Cataldo, analista de investimentos do banco Sudameris.
Cataldo explica ainda que a
atual estrutura causa problemas de escala de produção e
despesas desnecessárias.
A Copene, por exemplo, vendida ontem, é a central de matérias-primas que possui a estrutura acionária mais complexa no país e, por isso, era considerada o alvo prioritário de
mudanças.
Seu controle acionário é dividido entre várias empresas de
segunda geração que também
são seus principais clientes. Isso dificulta as decisões de investimento, pois esbarra no interesse de cada sócio.
Ontem, parte desse nó começou a ser desatado. A Odebrecht passará a ter maior controle sobre a nova companhia,
que, no futuro, deverá concentrar todos os seus negócios do
setor petroquímico.
Modelo do BNDES
O governo, por meio do
BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico
e Social), considera esse setor
estratégico para a economia.
Por isso defende que a reestruturação seja realizada em torno
dos grandes e poucos grupos
nacionais. O BNDES também
defende que exista concorrência entre os grupos.
Com essa intenção, o órgão
havia desenhado um modelo
de reestruturação no qual a
Odebrecht concentraria seus
negócios no pólo de Triunfo,
no sul do país, mantendo também o controle do pólo de Paulínia. O grupo Ultra ficaria com
o controle das operações do
pólo de Camaçari, e os grupos
Suzano e Unipar, no pólo do
Sudeste -controlando a PQU
e o pólo Gás Químico (RJ).
Com o leilão de ontem, esse
modelo previsto inicialmente
pelo BNDES não será implementado, já que a Odebrecht
terá participação relevante tanto no Nordeste quanto no Sul.
De qualquer maneira, a reestruturação já começa a desenhar um novo cenário para a
petroquímica brasileira, menos
pulverizado e mais competitivo.
(AM e JAg)
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