São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2001

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Setor precisa mudar para ser competitivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Num prazo de cinco anos, o setor petroquímico brasileiro precisará sofrer uma mudança radical em sua atual estrutura se quiser tornar-se competitivo no exterior, dizem analistas do segmento. O primeiro passo foi dado ontem, com a venda da Copene para o consórcio Odebrecht-Mariani. Isso porque será uma espécie de exemplo para futuras mudanças dos demais pólos petroquímicos.
Um dos atuais impasses é justamente a complexa composição societária das empresas que participam do setor. Uma mesma empresa, hoje, conta com vários acionistas, que também se encontram na composição acionária de empresas concorrentes ou fornecedoras.
Analistas afirmam que essa pulverização dificulta as decisões estratégicas, principalmente em relação à execução de investimentos. "O atual modelo de operação do setor vem causando a redução da competitividade em relação a grupos internacionais", diz José Francisco Cataldo, analista de investimentos do banco Sudameris. Cataldo explica ainda que a atual estrutura causa problemas de escala de produção e despesas desnecessárias.
A Copene, por exemplo, vendida ontem, é a central de matérias-primas que possui a estrutura acionária mais complexa no país e, por isso, era considerada o alvo prioritário de mudanças.
Seu controle acionário é dividido entre várias empresas de segunda geração que também são seus principais clientes. Isso dificulta as decisões de investimento, pois esbarra no interesse de cada sócio.
Ontem, parte desse nó começou a ser desatado. A Odebrecht passará a ter maior controle sobre a nova companhia, que, no futuro, deverá concentrar todos os seus negócios do setor petroquímico.

Modelo do BNDES
O governo, por meio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), considera esse setor estratégico para a economia. Por isso defende que a reestruturação seja realizada em torno dos grandes e poucos grupos nacionais. O BNDES também defende que exista concorrência entre os grupos.
Com essa intenção, o órgão havia desenhado um modelo de reestruturação no qual a Odebrecht concentraria seus negócios no pólo de Triunfo, no sul do país, mantendo também o controle do pólo de Paulínia. O grupo Ultra ficaria com o controle das operações do pólo de Camaçari, e os grupos Suzano e Unipar, no pólo do Sudeste -controlando a PQU e o pólo Gás Químico (RJ).
Com o leilão de ontem, esse modelo previsto inicialmente pelo BNDES não será implementado, já que a Odebrecht terá participação relevante tanto no Nordeste quanto no Sul.
De qualquer maneira, a reestruturação já começa a desenhar um novo cenário para a petroquímica brasileira, menos pulverizado e mais competitivo.


(AM e JAg)



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