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Venda pode devolver Econômico a Calmon de Sá
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ângelo Calmon de Sá, ex-controlador do banco Econômico,
começou, desde ontem, a contar
os dias para ter seus bens pessoais
liberados. É possível até que consiga reaver o Econômico e passá-lo adiante -vendê-lo a um eventual interessado.
A venda da Copene era um passo fundamental para o Banco
Central poder transformar a liquidação extrajudicial do Econômico em ordinária. Se isso ocorrer, todos os bens dos ex-administradores do Econômico -hoje
arrestados- serão liberados.
E mais: os ex-administradores
poderão indicar o liquidante da
massa falida. Isto é, vão escolher a
pessoa que ficará encarregada de
recuperar os ativos restantes para
quitar os débitos.
Se todos os credores forem pagos, os acionistas podem reaver a
propriedade do Econômico. A lei
só não permite que em situações
como essa eles mantenham o
controle do banco. Portanto teriam que vendê-lo.
"Não é impossível, não [que os
acionistas consigam reaver a instituição". Eu não sei se nesse caso
haveria interessados em comprar
o banco. Talvez alguém queira adquirir a instituição por causa de
ativos ocultos, como créditos tributários. Hoje, desconheço alguém interessado, mas pode ser
que haja", disse à Folha Carlos
Eduardo de Freitas, diretor de Finanças Públicas do BC.
Créditos tributários podem ser
usados por bancos para abater
impostos devidos.
Freitas ressaltou que além da
venda da Copene há outros pontos importantes a resolver até tornar a liquidação ordinária.
Um deles é a venda da Açominas, em que o Econômico, assim
como na Copene, detém participação. Freitas espera que a Açominas seja vendida ainda no segundo semestre deste ano. Outro
é transformar cerca de R$ 3 bilhões de créditos imobiliários do
FCVS (Fundo de Compensação
das Variações Salariais) em títulos
públicos, que seriam absorvidos
diretamente pelo Tesouro Nacional -Tesouro e BC são os maiores credores do Econômico.
Há também a necessidade de
atualizar o valor dos títulos públicos que compõem os ativos da
massa falida. Esses títulos valem
hoje, em termos contábeis (leva
em consideração o vencimento
dos títulos), R$ 3,9 bilhões.
Quase a totalidade desses papéis
é de títulos cambiais -corrigidos
pela variação do dólar. Com a alta
da moeda americana, os ativos do
banco valorizaram-se bastante
nos últimos meses.
Para tornar a liquidação ordinária, os ativos (bens e direitos) do
banco precisam equiparar-se ao
passivo (dívidas e obrigações).
Pela posição de março, os ativos
do banco estavam em R$ 11,08 bilhões. O passivo, em R$ 13,57 bilhões. Isso daria um passivo a descoberto de R$ 2,5 bilhões.
A conjugação da venda das empresas sob o controle do banco
com a valorização dos títulos
cambiais deve elevar os ativos a
ponto de igualá-los com o passivo. "A venda da Copene ampliou
os horizontes dos acionistas do
banco", disse Natalício Pegorini,
liquidante do Econômico indicado pelo BC.
Os bens dos ex-administradores
foram arrestados para servir de
garantia caso os ativos do banco
não fossem suficientes para pagar
todas as dívidas.
A liquidação ordinária garantiria que esses bens fossem liberados. Reaver a propriedade do
banco seria o passo seguinte.
Os acionistas, representados pelo liquidante por eles indicado, teriam que transformar os ativos
em dinheiro para pagar todos os
credores.
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