São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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Dólar a R$ 3 é reflexo de incertezas, diz ministro

DO ENVIADO ESPECIAL A GUAIAQUIL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sergio Amaral (Desenvolvimento) afirmou ontem que a alta do dólar para R$ 3 é um reflexo das incertezas no cenário internacional, aliadas às incertezas internas do Brasil.
O importante, disse, é que "os fundamentos da economia brasileira estão corretos e os indicadores econômicos estão em ordem, nosso dever de casa está feito".
Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, "a taxa de câmbio está realmente muito elevada". Segundo ele, "quando olhamos para os fundamentos da economia, essa alta não se justifica".
O regime de flutuação cambial, disse Amaral, existe para proteger a economia. "Se não flutuasse, estaríamos perdendo reservas", afirmou. A desvalorização do real em relação ao dólar, segundo o ministro, deverá provocar um superávit maior que o previsto na balança comercial deste ano (a previsão era US$ 5 bilhões e pode chegar a US$ 6 bilhões).
Questionado se a alta do dólar poderia levar o país a buscar recursos no FMI, Amaral disse que o país fará isso se fosse necessário, mas afirmou isso é assunto do ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Para assessores de Malan, a alta do dólar faz parte do regime de câmbio flutuante. Para eles, o real pode voltar a se valorizar frente à moeda americana, repetindo o movimento que ocorreu no final de 2001 após os ataques terroristas nos EUA e o agravamento da crise argentina. Na ocasião, o dólar superou os R$ 2,80, mas caiu e estabilizou-se abaixo de R$ 2,50.
O secretário-adjunto de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, acredita que a alta do dólar vai ajudar a aumentar o saldo comercial do país. A balança comercial acumula um superávit de US$ 3,509 bilhões, até a semana passada.
Ele disse que, apesar do câmbio favorável, há fatores externos que podem dificultar as vendas. "A Argentina era o segundo mercado para as exportações brasileiras, mas as vendas para lá caíram 66% neste ano. Mesmo que o dólar suba ainda mais, as exportações para a Argentina não vão melhorar no curto prazo", disse.



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