São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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Empréstimo bancário ao Brasil cai pouco, diz "banco dos BCs globais"

KAREN ILEY
DA REUTERS, EM GENEBRA

Os empréstimos de bancos internacionais ao Brasil caíram no primeiro trimestre, mas o país passou algo incólume pelo tumulto na Argentina, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pelo Bank for International Settlements (BIS, o Banco de Compensações Internacionais).
O estoque de empréstimos ao Brasil caiu US$ 8 bilhões, para US$ 134,9 bilhões no primeiro trimestre, enquanto os empréstimos para a Argentina caíram em um terço, de US$ 73,9 bilhões no trimestre final de 2001 para US$ 50,3 bilhões, segundo o BIS.
Os números demonstram que, a despeito do medo de que a crise argentina se difunda e as preocupações surgidas no Brasil quanto às eleições presidenciais de outubro, os fundamentos econômicos da maior economia latino-americana continuam fortes.

Argentina na pior
"No primeiro trimestre, ao menos, a experiência dos bancos cujos números reportamos na Argentina aparentemente não conduziu a uma reavaliação significativa das atividades de negócios atuais deles no Brasil. As posições internacionais nos bancos e no setor público brasileiro se mantiveram relativamente inalteradas, o que sugere que os bancos não estavam indevidamente preocupados com o risco-país", disse o BIS.
Por outro lado, a moratória do governo argentino da dívida nacional de US$ 133 bilhões e os subseqüentes equívocos na desvalorização cambial implicam que os bancos internacionais exibam cautela cada vez maior quanto a emprestar dinheiro à Argentina; alguns deles já registraram porção substancial de suas posições no país como prejuízos.
Parte importante da queda se relaciona à conversão de dólares em pesos à razão de um para um. Isso fica evidente na queda substancial das posições estrangeiras na Argentina, que se reduziram de US$ 55,4 bilhões para US$ 35,1 bilhões.
As posições dos bancos internacionais incluem empréstimos para filiais de bancos estrangeiros, em moeda estrangeira (dólar, no caso argentino) e empréstimos internacionais propriamente ditos.
A Argentina continua afundada em uma crise que envolveu congelamento de depósitos bancários, o quase colapso do sistema bancário doméstico e uma série de tumultos mortíferos.
Mas, embora o Brasil tenha sofrido mais que outros mercados emergentes, os problemas argentinos não parecem ter prejudicado o setor bancário em geral.
"No primeiro trimestre de 2002, a crise na Argentina não parece ter tido impacto adverso sobre a atividade bancária internacional em outras partes da América Latina", diz o BIS -o banco e fórum dos bancos centrais mundiais.
A organização, sediada em Basiléia, Suíça, em sua revisão das estatísticas consolidadas sobre os empréstimos bancários mundiais, anunciou que os empréstimos internacionais dos bancos japoneses haviam caído acentuadamente, com queda de 10,3% do mercado pelo final de dezembro para 8,9% em março.


Tradução de Paulo Migliacci


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