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VOLTANDO NO TEMPO
Preço do botijão faz moradora apelar para fogareiro improvisado
Madeira substitui gás em favela
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Antes símbolo da boa culinária, cozinhar em fogão a lenha
está virando alternativa para
economizar gás nos bolsões de
pobreza das grandes cidades.
Nas favelas de Recife, é cada
vez maior o número de famílias
que trocam o gás de cozinha pelo carvão ou lenha. "Com esse
preço não tenho mais condições
de comprar botijão", diz Marleide Barbosa da Silva, 46, moradora da favela de Santo Amaro.
Marleide alterna o uso do gás
de cozinha com o que chama de
"fogão de pau" -um latão de
tinta com uma abertura lateral e
grelha improvisada para sustentar a panela. Assim, um botijão
de 13 kg dura até quatro meses.
"Só uso o gás para fazer café
ou quando tenho crise de asma
por causa da fumaça", diz. A
mulher, que mora com o marido desempregado Manoel dos
Santos da Silva, 49, em um barraco de um cômodo, recebe R$
5 por semana para lavar pratos
em um bar da favela onde vive.
Silva obtém cerca de R$ 30
mensais catando latas de alumínio. Com isso, mais da metade
da renda do casal seria gasta
com um botijão de gás -que
custa até R$ 28 na cidade.
Marleide diz que não vê diferença na comida preparada no
gás ou na lenha. "Feijão duro
não cozinha em lugar nenhum."
A única diferença, afirma, é o
esforço extra que o "fogão de
pau" exige para ser acionado.
Todos os dias ela é obrigada a ir
para os fundos da casa cortar tábuas e caixotes que armazena
para servir de combustível.
Marleide também nunca ouviu falar do auxílio-gás, programa do governo federal que destina R$ 15 a cada dois meses a 6.000 famílias de baixa renda.
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