São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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Proposta européia eleva acesso do álcool brasileiro à região

DE GENEBRA

Uma oferta européia produziu ontem um sinal positivo sobre o acesso do álcool aos mercados dos países ricos, um tema considerado crucial pelo Itamaraty. A notícia veio a público de forma inusitada, através do blog do comissário europeu do Comércio, o britânico Peter Mandelson.
No diário eletrônico que vem fazendo sobre as negociações em Genebra, Mandelson revelou ter oferecido ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, um acordo para dar "um significativo e valioso novo acesso" ao biocombustível nos mercados europeus. Mas Amorim não reagiu como Mandelson esperava.
"Surpreendentemente, dada a importância do tema em Brasília, Amorim pareceu rejeitar o valor da oferta", escreveu o comissário europeu.
Mandelson ofereceu uma cota para a exportação de etanol de 1,4 milhão de toneladas por ano até 2020, com tarifa de 10%. O gesto foi considerado importante, sobretudo porque até poucos dias atrás os europeus mantinham-se decididos a não abrir o mercado ao álcool, mantendo o combustível como "produto sensível".
Mas o anúncio não satisfez à indústria brasileira.
A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) criticou a concessão de cota e defendeu a "plena integração" do álcool ao sistema mundial de comércio. "Não deve haver tratamento diferenciado, pois o etanol hoje não é considerado produto sensível nem na Europa nem nos Estados Unidos", afirmou em nota o presidente da entidade, Marcos Sawaya Jank, que chega hoje a Genebra para acompanhar o desfecho das negociações.
No começo da semana, ao reunir-se com a secretária do Comércio dos EUA, Susan Schwab, o chanceler Amorim deixara claro que esperava acesso para o álcool dentro de um acordo da Rodada Doha.
Os Estados Unidos aplicam hoje uma tarifa de importação de US$ 0,54 sobre o galão de álcool, mas afirmam que se trata de um imposto interno. Até agora, não deram sinais de flexibilidade. (MN)


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