São Paulo, domingo, 26 de julho de 1998

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APOSENTADORIA
Poucas instituições financeiras controlam mercado que administra reservas superiores a R$ 5 bilhões
Tamanho faz diferença na previdência

Luiz arlos Marauskas/Folha Imagem
Antonio Lopes Cristóvão, presidente da Bradesco Previdência, que lidera na previdência privada aberta


da Redação

O mercado de previdência privada aberta continua concentrado em poucos grupos financeiros. Das reservas técnicas de R$ 5,2 bilhões em abril passado, Bradesco, Unibanco (Prever) e Banco do Brasil (Brasilprev) detinham 79%.
A Bradesco Previdência mantém liderança folgada. Da receita total de R$ 727,8 milhões, R$ 514,8 milhões entraram via seguradoras que atuam no setor. Como a Bradesco arrecadou R$ 227,3 milhões no período, respondeu por 31% do total e 44% de seu grupo.
A Itaú Previdência avança rapidamente. Obteve receitas de R$ 51,78 milhões de janeiro a abril, de acordo com os números da Susep, mas isso significou 260,4% a mais do que em igual período de 97. As da Bradesco cresceram 28,9%.
A explicação para a distância em receitas é dada por Osvaldo do Nascimento, diretor da Itaú. Este grupo decidiu atuar forte na previdência privada de dois anos para cá, enquanto a Bradesco, diz ele, está há dez anos no mercado.
Outro motivo do recente crescimento, afirma Nascimento, é que a Itaú continua garantindo rentabilidade mínima baseada na poupança, enquanto os demais oferecem IGP-M mais 6% ao ano.
Crescimento expressivo, de quase 200%, também foi observado nas contribuições para a Real Previdência. O volume, porém, ainda é relativamente baixo: R$ 13,3 milhões de janeiro a abril.
O Banco do Brasil, que entrou para valer com a Brasilprev, registrou crescimento de 39,4%, acima da média, com receitas de R$ 98,41 milhões no primeiro quadrimestre. As provisões caminhavam para R$ 500 milhões em abril.

Marca
As grandes instituições, reconhece Antonio Lopes Cristóvão, presidente da Bradesco, levam vantagem porque já carregam pelo menos dois entre três fatores de sucesso na previdência aberta: a marca e o canal de distribuição, que no caso é a ampla rede de agências do banco. O outro fator, diz ele, é a qualidade do produto.
Cristóvão concorda com Nascimento, da Itaú, que aponta a imagem de solidez da administradora como importante chamariz para quem quer complementar a aposentadoria no futuro. Isso explica a concentração desse mercado em poucos e grandes grupos.
A AGF Brasil, por exemplo, tem atrás de si a segunda maior seguradora da França, mas a marca não é tão conhecida quanto Bradesco, Itaú ou BB, e também não dispõe de milhares de agências bancárias como canal de distribuição de seus planos.
De janeiro a abril, as contribuições à AGF cresceram apenas 3,9% sobre igual período de 97, totalizando R$ 7,49 milhões nas suas duas empresas do setor.
Flávio Perondi, diretor, diz que o canal de distribuição faz mesmo diferença, mas ele atribui esse desempenho também ao fato de a AGF estar dando prioridade, neste ano, ao PGBL, um produto que só agora chega ao mercado.
Perondi também destaca, como Cristóvão, da Bradesco, que a "safra" da previdência privada aberta costuma ser no segundo semestre, quando se concentram as campanhas em mídia e cresce a preocupação das pessoas com o Imposto de Renda.
Os números da Susep analisados pela Folha, por serem do quadrimestre, não refletem as performances de final de ano.
No quadro da Susep, enquanto as contribuições na AGF crescem 3,9% de janeiro a abril, as provisões (recursos que estão investidos) saltam 226,5%, de R$ 8,5 milhões em abril de 97 para R$ 27,75 milhões em abril de 98. A explicação está nas receitas do segundo semestre de 97.
(GABRIEL J. DE CARVALHO)



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