São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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INVESTIMENTO
Hidrovia Tietê-Paraná e gasoduto Bolívia-Brasil criam 37 pólos de desenvolvimento, diz Seade
Interior paulista ganha US$ 56,6 bi

Jorge Araújo - 7.fev.99//Folha Imagem
Obras de construção do gasoduto Bolívia-Brasil, um dos megaprojetos que estão revitalizando a economia do Estado de São Paulo


ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

O interior paulista ultrapassou a Grande São Paulo na corrida pela atração de investimentos nas áreas industrial e de serviços, nos últimos quatro anos e meio, de acordo com uma pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), órgão vinculado à Secretaria de Economia e Planejamento do governo do Estado de São Paulo.
As perspectivas de uma nova fase de crescimento do interior paulista foram confirmadas pelo estudo da Fundação Seade, que refez o mapa econômico do Estado de São Paulo.
Nesse remapeamento, foram identificados 37 novos pólos de desenvolvimento econômico sediados por cidades com mais de 100 mil habitantes no interior paulista, na rota da privatização (telecomunicações, energia elétrica, gás e rodovias) e de dois megaprojetos: a hidrovia Tietê-Paraná e o gasoduto Bolívia-Brasil.
Atraídos pelo impulso potencial desses megaprojetos na economia paulista, grupos empresariais nacionais e estrangeiros anunciaram investimentos de US$ 82,424 bilhões no Estado de São Paulo, no período compreendido entre 1º de janeiro de 1995 e 30 de junho deste ano, segundo a Fundação Seade.
O interior paulista abocanhou 68,65% desse total, representando US$ 56,586 bilhões. A região metropolitana, incluindo a capital, de São Paulo, ficou com 31,35%, significando US$ 25,838 bilhões.

Novo mapa
Maria Cecília Comegno, coordenadora da pesquisa Seade, diz que a privatização das rodovias e os megaprojetos da hidrovia e do gasoduto deram um novo traçado ao mapa econômico do Estado de São Paulo.
O resultado é o revigoramento do interior, que está à beira de uma nova onda de rápida expansão das atividades econômicas. O limite desse boom é a capacidade do governo de concluir o ajuste fiscal e de fazer a reforma tributária, pré-requisitos para a queda mais rápida dos juros, o principal obstáculo ao crescimento do mercado consumidor.
O interior paulista, que abriga 17,5 milhões de habitantes, responde por 18% do PIB (Produto Interno Bruto, medida de riqueza de um país), 24% da produção industrial e 11% da população do Brasil, segundo o Seade.
O novo surto de investimentos no interior paulista vai dar a tradicionais pólos de desenvolvimento, tais como São José dos Campos, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e Santos, perspectivas de crescimento no século 21, além de incluir no mapa econômico do Estado pólos menos tradicionais, como Registro e Jaú.
Maria Cecília Comegno diz que as grandes empresas buscam o interior do Estado para ficar perto da cidade de São Paulo, onde a população de quase 10 milhões de pessoas tem um potencial de consumo estimado, em 1998, em US$ 55 bilhões.
Ela diz que há cidades importantes na lista de novos pólos de desenvolvimento do interior, mas ressalta que outras cidades estão prestes a entrar para esse clube de elite por causa do impacto econômico dos megaprojetos.
"Registro é um exemplo disso. A cidade passou a ser um pólo potencial de desenvolvimento porque fica perto do traçado do gasoduto Bolívia-Brasil."
Ela diz que as áreas tradicionais, cujo atual nível de desenvolvimento carece de dinamismo, terão, agora, uma oportunidade de dar um grande passo à frente.
Registro, Jaú e São Vicente são os únicos entre os 37 novos pólos de desenvolvimento do interior paulista que não receberam ainda promessas de investimento.
Mas Luís Antonio Paulino, um dos responsáveis pela pesquisa do Seade, diz que isso é uma questão de tempo. Jaú, cujo pólo calçadista recupera a capacidade de produção e exportação na esteira da desvalorização cambial, será beneficiada pelo aumento do tráfego na hidrovia Tietê-Paraná.
São José dos Campos, com US$ 4,397 bilhões (7,77% do total), lidera a atração de investimentos para o interior paulista, nos últimos quatro anos e meio. Taubaté está em segundo lugar, com US$ 1,941 bilhão (3,43%), Campinas, em terceiro, com US$ 1,895 bilhão (3,35%), Jacareí, em quarto, com US$ 1,527 bilhão (2,70%), e Sorocaba, em quinto, com US$ 1,383 bilhão (2,45%).
Entre as empresas responsáveis pelos principais investimentos na região de São José estão a General Motors (EUA), com a nova fábrica de US$ 1,2 bilhão, Embraer (Brasil), com projeto de expansão de US$ 550 milhões, Tectelcom/ Tecsat (Brasil), com projeto de telecomunicações de US$ 100 milhões, e Siemens (Alemanha), com projeto de US$ 22 milhões em equipamentos eletrônicos.


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