São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2000


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PECUÁRIA
País não quer perder certificado de que está livre da doença
Aftosa faz Argentina vetar a entrada de gado do RS

Nabor Goulart/Agência RBS
Gado em Jóia, no noroeste do Rio Grande do Sul, onde foram descobertos focos de febre aftosa


DA REDAÇÃO

A Argentina proibiu a entrada de gado bovino procedente do Rio Grande do Sul devido aos casos de febre aftosa registrados no Estado brasileiro.
Os argentinos não querem perder o certificado internacional de que estão livres da febre aftosa, conquistado há poucos meses.
A situação, no entanto, está cada dia mais delicada, pois existe o risco de que gado paraguaio contaminado tenha entrado no país.
"Temos de tomar muito cuidado, pois o Brasil, mesmo militarizando a fronteira com o Paraguai para evitar a entrada de gado contaminado, não obteve sucesso. Não podemos permitir que o mesmo suceda com a Argentina", afirmou Oscar Bruni, da Senasa (órgão fiscalizador do setor agropecuário argentino).

Até 2001
A OIE (Organização Internacional de Epizootias), sediada em Paris, suspendeu ontem o certificado de área livre de febre aftosa concedido há dois anos ao Rio Grande do Sul.
A decisão foi tomada a partir de comunicado sobre o ressurgimento da doença feito anteontem pelo representante do Brasil na OIE. O Estado terá de esperar até janeiro de 2001 para tentar obter novamente o certificado de zona livre de aftosa. Segundo a OIE, os gaúchos não terão tempo de preparar um relatório sobre o problema até a próxima reunião da entidade, em setembro.
Segundo Thierry Chillaud, chefe do Serviço de Informações e Trocas Internacionais da OIE, para voltar a ser considerado área livre de febre aftosa, o Estado terá que formar comissão para combater os novos focos da doença.
A comissão terá três meses para fazer um levantamento epidemiológico que abrange desde a identificação da origem dos novos focos à destruição dos cadáveres dos animais contaminados.
Em seguida, é feito um relatório para ser enviado à Comissão da OIE para Febre Aftosa, que pode considerá-lo "aceitável" -neste caso, o Estado recupera seu certificado- ou "insuficiente", o que exigiria novas intervenções para erradicar a doença.
A OIE é a principal entidade mundial sobre saúde animal e conta com 155 países-membros.
O certificado concedido pela OIE ao Rio Grande do Sul era do tipo "com vacinação" -prevê a aplicação de vacina contra a febre aftosa no gado- e passaria ao estatuto de "sem vacinação" a partir de maio do ano que vem.

Quarentena
O Ministério da Agricultura do Brasil decretou ontem quarentena de um mês para todo o rebanho bovino, bubalino, ovino e caprino do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que forem deixar os Estados. A quarentena será implantada por ao menos 90 dias.
Após dois testes sorológicos, os animais podem deixar os Estados, mas precisam ficar novamente de quarentena no local de destino, dessa vez por 14 dias. A quarentena para os suínos é menor -30 dias apenas no Estado de origem.
A comercialização de carnes dos animais também ficou restrita. A carne bovina só pode ser transportada desossada e maturada. A carne suína, apenas após passar por testes. E o comércio de caprinos e ovinos para o consumo humano foi proibido.
A decisão da quarentena foi tomada para evitar o risco de que a doença detectada no Rio Grande do Sul se espalhe para as regiões que são livres dela e podem exportar carne e derivados.
Foram os primeiros casos de febre aftosa no Rio Grande do Sul desde 93, o que levou o Estado e Santa Catarina a perderem o status de zona livre da doença. Isso provocou uma série de restrições, que foram definidas em reunião que durou dois dias entre representantes do Ministério da Agricultura e dos dois Estados.
(RONALDO SOARES, DE PARIS, GUSTAVO CHACRA, de BUENOS AIRES, e DA SUCURSAL DE BRASÍLIA)


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