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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003
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HOSPITAL EM REFORMA Darc Costa passa a coordenar diretorias e a exercer funções próprias da presidência do banco BNDES muda, e Lessa se afasta do dia-a-dia
CHICO SANTOS DA SUCURSAL DO RIO O vice-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Darc Costa, assumirá a partir da próxima segunda-feira, dia 1º de setembro, a inédita função de coordenador de Diretorias do banco, na qual vai exercer formalmente uma atividade própria da presidência da instituição. O objetivo, segundo o banco, é deixar o presidente, Carlos Lessa, "mais livre das funções burocráticas". A mudança é parte de um rearranjo geral de posições da diretoria do BNDES, definido em uma reunião que começou na sexta-feira e se prolongou até o sábado, em um hotel da zona sul do Rio (hotel Flórida, no Flamengo). Os cinco diretores permanecem os mesmos escolhidos por Lessa após assumir a presidência do banco, em janeiro, mas quatro deles, além de Darc Costa, ganharam novas funções. O BNDES, maior banco de desenvolvimento da América Latina, é hoje a única fonte de financiamentos de longo prazo no Brasil. Com orçamento de R$ 34 bilhões neste ano, foi historicamente apelidado de "hospital" por salvar setores em crise financeira. Oficialmente, o banco diz que Lessa "precisava ficar mais livre de tarefas de caráter burocrático devido à importância do BNDES no encaminhamento da política de desenvolvimento do país". Constantemente solicitado a comparecer a Brasília, Lessa estaria sendo atrapalhado nesse trabalho de assessoramento do Planalto pela atenção dada aos assuntos internos do banco. Costa, nomeado por Lessa, já estaria exercendo de fato a coordenação da diretoria. Possíveis trocas de cargos na diretoria já eram comentadas entre os técnicos do banco havia mais de dois meses, mas a extensão e o desenho da mudança causaram surpresa. Uma das avaliações é que Lessa ficou como uma espécie de "rainha da Inglaterra" (reina, mas não governa). Uma versão, coincidente com a explicação oficial, é que a mudança não foi feita por pressão de Brasília. Mas vários técnicos ouvidos pela Folha avaliaram que ela pode ter sido realizada para responder a avaliações negativas da gestão do banco feitas na capital. O desempenho operacional do BNDES melhorou nos últimos meses, mas vem sendo inferior ao do ano passado em praticamente todas as variáveis. Financiamentos a exportações caíram 57% e aprovações de novos empréstimos caíram 26% até julho. Circulam entre os técnicos os rumores de que uma troca no comando do banco poderá vir numa possível reforma ministerial. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, é cotado para possível substituto de Lessa. Além das mudanças na diretoria, também houve alterações em escalões inferiores. Foram extintas oito gerências (antigos departamentos) da Área de Crédito que faziam o acompanhamento dos 80 maiores clientes do banco e quatro departamentos de outras áreas. Também foram criados dois novos departamentos. Escola de guerra O vice-presidente do BNDES é um nacionalista cuja formação está solidamente ligada ao pensamento da ESG (Escola Superior de Guerra), na qual é membro do Corpo Permanente. Costa tem sido o nome do BNDES à frente do projeto de interligação física sul-americana, uma das prioridades internacionais do governo Lula. Para exercer seu novo cargo, Costa foi destituído do comando de duas áreas estratégicas que controlava. A área de Infra-Estrutura passou ao diretor Roberto Timótheo da Costa, que perdeu a área Administrativa e manteve a Financeira. A área de Operações Indiretas -que abriga a Finame, que cuida dos empréstimos indiretos do banco- foi passada para o petista Maurício Borges Lemos, ex-secretário de Planejamento da Prefeitura de Belo Horizonte (gestão Patrus Ananias). Lemos perdeu a área Industrial, ao trocá-la pela área de Planejamento com Fabio Erber, colega de Lessa na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Erber, que já dirigiu a área Industrial do banco (governo Itamar Franco), passa a concentrar também a área de Crédito. Essa área sai do comando do diretor Márcio Henrique Monteiro de Castro, que, em troca, recebe a área de Administração, antes comandada por Timótheo. Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Orçamento do BNDES pode aumentar 40% para 2004 Índice |
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