UOL


São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HOSPITAL EM REFORMA

Darc Costa passa a coordenar diretorias e a exercer funções próprias da presidência do banco

BNDES muda, e Lessa se afasta do dia-a-dia

06.jun.03 - Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Carlos Lessa, presidente do BNDES, cuja organização será modificada a partir de segunda-feira


CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Darc Costa, assumirá a partir da próxima segunda-feira, dia 1º de setembro, a inédita função de coordenador de Diretorias do banco, na qual vai exercer formalmente uma atividade própria da presidência da instituição. O objetivo, segundo o banco, é deixar o presidente, Carlos Lessa, "mais livre das funções burocráticas".
A mudança é parte de um rearranjo geral de posições da diretoria do BNDES, definido em uma reunião que começou na sexta-feira e se prolongou até o sábado, em um hotel da zona sul do Rio (hotel Flórida, no Flamengo).
Os cinco diretores permanecem os mesmos escolhidos por Lessa após assumir a presidência do banco, em janeiro, mas quatro deles, além de Darc Costa, ganharam novas funções.
O BNDES, maior banco de desenvolvimento da América Latina, é hoje a única fonte de financiamentos de longo prazo no Brasil. Com orçamento de R$ 34 bilhões neste ano, foi historicamente apelidado de "hospital" por salvar setores em crise financeira.
Oficialmente, o banco diz que Lessa "precisava ficar mais livre de tarefas de caráter burocrático devido à importância do BNDES no encaminhamento da política de desenvolvimento do país".
Constantemente solicitado a comparecer a Brasília, Lessa estaria sendo atrapalhado nesse trabalho de assessoramento do Planalto pela atenção dada aos assuntos internos do banco. Costa, nomeado por Lessa, já estaria exercendo de fato a coordenação da diretoria.
Possíveis trocas de cargos na diretoria já eram comentadas entre os técnicos do banco havia mais de dois meses, mas a extensão e o desenho da mudança causaram surpresa. Uma das avaliações é que Lessa ficou como uma espécie de "rainha da Inglaterra" (reina, mas não governa).
Uma versão, coincidente com a explicação oficial, é que a mudança não foi feita por pressão de Brasília. Mas vários técnicos ouvidos pela Folha avaliaram que ela pode ter sido realizada para responder a avaliações negativas da gestão do banco feitas na capital.
O desempenho operacional do BNDES melhorou nos últimos meses, mas vem sendo inferior ao do ano passado em praticamente todas as variáveis. Financiamentos a exportações caíram 57% e aprovações de novos empréstimos caíram 26% até julho.
Circulam entre os técnicos os rumores de que uma troca no comando do banco poderá vir numa possível reforma ministerial. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, é cotado para possível substituto de Lessa.
Além das mudanças na diretoria, também houve alterações em escalões inferiores. Foram extintas oito gerências (antigos departamentos) da Área de Crédito que faziam o acompanhamento dos 80 maiores clientes do banco e quatro departamentos de outras áreas. Também foram criados dois novos departamentos.

Escola de guerra
O vice-presidente do BNDES é um nacionalista cuja formação está solidamente ligada ao pensamento da ESG (Escola Superior de Guerra), na qual é membro do Corpo Permanente.
Costa tem sido o nome do BNDES à frente do projeto de interligação física sul-americana, uma das prioridades internacionais do governo Lula.
Para exercer seu novo cargo, Costa foi destituído do comando de duas áreas estratégicas que controlava. A área de Infra-Estrutura passou ao diretor Roberto Timótheo da Costa, que perdeu a área Administrativa e manteve a Financeira. A área de Operações Indiretas -que abriga a Finame, que cuida dos empréstimos indiretos do banco- foi passada para o petista Maurício Borges Lemos, ex-secretário de Planejamento da Prefeitura de Belo Horizonte (gestão Patrus Ananias).
Lemos perdeu a área Industrial, ao trocá-la pela área de Planejamento com Fabio Erber, colega de Lessa na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Erber, que já dirigiu a área Industrial do banco (governo Itamar Franco), passa a concentrar também a área de Crédito. Essa área sai do comando do diretor Márcio Henrique Monteiro de Castro, que, em troca, recebe a área de Administração, antes comandada por Timótheo.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Orçamento do BNDES pode aumentar 40% para 2004
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.