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EXPECTATIVA
Indústria de embalagens tem 1º resultado positivo no ano; fabricantes de alimentos, entre outros, puxam alta
"Termômetro" de vendas exibe recuperação
FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos termômetros mais importantes da economia, a indústria de embalagens, revela que,
em julho, houve inversão no ritmo das vendas -que vinha em
queda desde janeiro deste ano.
No mês passado, a indústria de
papelão ondulado vendeu 149,3
mil toneladas de embalagens, 5%
a mais do que em junho, informa
a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). Quem
mais comprou embalagens foram
os fabricantes de alimentos, higiene e limpeza, bebidas, perfumaria
e produtos farmacêuticos.
É a primeira vez, desde janeiro,
que as vendas são positivas em
um mês sobre o anterior, informa
a associação. Na comparação com
julho de 2002, porém, as vendas
continuam 15,5% menores. A expectativa do setor ainda é terminar o ano com queda de 14% nas
vendas em relação a 2002.
"Ainda é cedo para afirmar que
essa tendência vai se manter daqui para a frente. Mas, em julho,
houve inflexão na curva de vendas", afirma Paulo Sérgio Peres,
presidente da ABPO, que reúne 71
fabricantes que somam um faturamento anual de R$ 3,54 bilhões.
A Associação Brasileira de Embalagem (Abre), que reúne os fabricantes de embalagens de vidro,
aço, alumínio, plásticos, papelão e
papel cartão, também detectou,
em julho, retomada nos negócios
em uma sondagem setorial.
No mês passado, as vendas dessas embalagens cresceram entre
1,8% e 13% na comparação com
junho. No papel cartão, a alta foi
de 1,8%; na lata de aço e nos rótulos, de 4%; no papelão, de 5%, e,
nas tampas de PET, de 13%.
Fábio Mestriner, presidente da
Abre, diz que as medidas econômicas do governo a favor do aumento do consumo, como a redução do compulsório dos bancos
- que resultou em mais dinheiro
no mercado para financiamento
- e das taxas de juros, tiveram
um efeito psicológico positivo nos
negócios. "Isso provocou uma
mudança de atitude nos empresários e nos consumidores", afirma.
Os fabricantes de embalagens
ainda não têm levantamento preciso, mas informam que identificaram alguma recuperação nas
vendas para as indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos,
higiene e limpeza, bebidas e perfumaria, segundo a ABPO.
Os setores que já estavam comprando mais embalagens do que
outros por causa das exportações
e mantiveram o ritmo são o de
fruticultura, o de avicultura, o de
fumos em folha e o mobiliário.
O presidente da Abihpec (Associação Brasileira das Indústrias de
Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos), João Carlos Basilio
da Silva, diz que o setor está mais
otimista. A previsão dos fabricantes, diz, é terminar este ano com
crescimento entre 0,5% a 1% no
volume de vendas na comparação
com o ano passado. Desempenho
que ele considera satisfatório.
No primeiro semestre deste
ano, o segmento de higiene pessoal, que representa 94% das vendas totais do setor, apresentou
queda de cerca de 10% no volume
comercializado, diz a Abihpec.
Já o segmento de cosméticos,
que até abril registrava queda de
0,85% no volume de vendas, se recuperou e fechou o primeiro semestre com crescimento de 5%.
"Quando a situação da economia se complica, historicamente
as vendas de cosméticos aumentam. A mulher, que é obrigada a
administrar um orçamento mais
apertado, compra produtos de
beleza como uma compensação."
As reduções nos juros básicos
da economia, além de fatores sazonais, fazem com que os supermercadistas também acreditem
em uma recuperação das vendas
perdidas no primeiro semestre.
A retração nos hipermercados
foi de 8% na primeira metade do
ano em relação ao mesmo período de 2002, segundo a Apas (Associação Paulista dos Supermercados). Nos supermercados, a
queda foi de 1,5% no período.
"Em julho chegamos ao fundo
do poço. Se recuperarmos o que
for perdido já é um sinal de retomada", diz Sussumu Honda, presidente da entidade.
Flávio Castelo Branco, coordenador de política econômica da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), estima que os setores
mais dependentes de financiamento, como o automobilístico e
o eletroeletrônico, também deverão reagir daqui para a frente.
Isso seria resultado da queda
das taxas de juros e da reposição
salarial para as categorias profissionais com data-base neste semestre. "Com a inflação em queda, é provável que o consumidor
volte a adquirir bens duráveis."
Paulo Saab, presidente da Eletros, associação que reúne a indústria eletroeletrônica, diz que
ainda está difícil falar em retomada para um setor que registrou
queda de 14% nas vendas no primeiro semestre deste sobre igual
período de 2002. "Esperamos que
a situação mude agora. Ainda assim, devemos fechar o ano com
queda nas vendas."
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