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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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EXPECTATIVA

Indústria de embalagens tem 1º resultado positivo no ano; fabricantes de alimentos, entre outros, puxam alta

"Termômetro" de vendas exibe recuperação

FÁTIMA FERNANDES
MAELI PRADO

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos termômetros mais importantes da economia, a indústria de embalagens, revela que, em julho, houve inversão no ritmo das vendas -que vinha em queda desde janeiro deste ano.
No mês passado, a indústria de papelão ondulado vendeu 149,3 mil toneladas de embalagens, 5% a mais do que em junho, informa a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO). Quem mais comprou embalagens foram os fabricantes de alimentos, higiene e limpeza, bebidas, perfumaria e produtos farmacêuticos.
É a primeira vez, desde janeiro, que as vendas são positivas em um mês sobre o anterior, informa a associação. Na comparação com julho de 2002, porém, as vendas continuam 15,5% menores. A expectativa do setor ainda é terminar o ano com queda de 14% nas vendas em relação a 2002.
"Ainda é cedo para afirmar que essa tendência vai se manter daqui para a frente. Mas, em julho, houve inflexão na curva de vendas", afirma Paulo Sérgio Peres, presidente da ABPO, que reúne 71 fabricantes que somam um faturamento anual de R$ 3,54 bilhões.
A Associação Brasileira de Embalagem (Abre), que reúne os fabricantes de embalagens de vidro, aço, alumínio, plásticos, papelão e papel cartão, também detectou, em julho, retomada nos negócios em uma sondagem setorial.
No mês passado, as vendas dessas embalagens cresceram entre 1,8% e 13% na comparação com junho. No papel cartão, a alta foi de 1,8%; na lata de aço e nos rótulos, de 4%; no papelão, de 5%, e, nas tampas de PET, de 13%.
Fábio Mestriner, presidente da Abre, diz que as medidas econômicas do governo a favor do aumento do consumo, como a redução do compulsório dos bancos - que resultou em mais dinheiro no mercado para financiamento - e das taxas de juros, tiveram um efeito psicológico positivo nos negócios. "Isso provocou uma mudança de atitude nos empresários e nos consumidores", afirma.
Os fabricantes de embalagens ainda não têm levantamento preciso, mas informam que identificaram alguma recuperação nas vendas para as indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos, higiene e limpeza, bebidas e perfumaria, segundo a ABPO.
Os setores que já estavam comprando mais embalagens do que outros por causa das exportações e mantiveram o ritmo são o de fruticultura, o de avicultura, o de fumos em folha e o mobiliário.
O presidente da Abihpec (Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), João Carlos Basilio da Silva, diz que o setor está mais otimista. A previsão dos fabricantes, diz, é terminar este ano com crescimento entre 0,5% a 1% no volume de vendas na comparação com o ano passado. Desempenho que ele considera satisfatório.
No primeiro semestre deste ano, o segmento de higiene pessoal, que representa 94% das vendas totais do setor, apresentou queda de cerca de 10% no volume comercializado, diz a Abihpec.
Já o segmento de cosméticos, que até abril registrava queda de 0,85% no volume de vendas, se recuperou e fechou o primeiro semestre com crescimento de 5%.
"Quando a situação da economia se complica, historicamente as vendas de cosméticos aumentam. A mulher, que é obrigada a administrar um orçamento mais apertado, compra produtos de beleza como uma compensação."
As reduções nos juros básicos da economia, além de fatores sazonais, fazem com que os supermercadistas também acreditem em uma recuperação das vendas perdidas no primeiro semestre.
A retração nos hipermercados foi de 8% na primeira metade do ano em relação ao mesmo período de 2002, segundo a Apas (Associação Paulista dos Supermercados). Nos supermercados, a queda foi de 1,5% no período.
"Em julho chegamos ao fundo do poço. Se recuperarmos o que for perdido já é um sinal de retomada", diz Sussumu Honda, presidente da entidade.
Flávio Castelo Branco, coordenador de política econômica da CNI (Confederação Nacional da Indústria), estima que os setores mais dependentes de financiamento, como o automobilístico e o eletroeletrônico, também deverão reagir daqui para a frente.
Isso seria resultado da queda das taxas de juros e da reposição salarial para as categorias profissionais com data-base neste semestre. "Com a inflação em queda, é provável que o consumidor volte a adquirir bens duráveis."
Paulo Saab, presidente da Eletros, associação que reúne a indústria eletroeletrônica, diz que ainda está difícil falar em retomada para um setor que registrou queda de 14% nas vendas no primeiro semestre deste sobre igual período de 2002. "Esperamos que a situação mude agora. Ainda assim, devemos fechar o ano com queda nas vendas."


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