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ENERGIA
Estudo visa reduzir perdas
Governo pode comprar sobra de geradoras
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O governo estuda comprar parte do excedente de energia produzido pelas geradoras coma forma
de reduzir suas perdas no ano que
vem. De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas
e Energia, Maurício Tolmasquim,
o sistema deverá ter uma sobra de
9.000 megawatts (MW) em 2004.
Segundo o secretário, esse excedente -que está em torno de
7.500 MW atualmente- deverá
aumentar em razão da entrada de
novas usinas no mercado e da
descontratação de mais 25% da
energia comercializada entre geradoras e distribuidoras.
A descontratação gradual, estipulada no governo anterior, livrou as distribuidoras da obrigação de comprar parte da energia
produzida pelas geradoras.
"As geradoras serão fortemente
impactadas. E uma parte importante dessa energia descontratada
é das estatais", lembrou ele.
Tolmasquim explicou que o objetivo do governo é comprar parte
da sobra de energia a título de reserva, a preços menores que os
praticados pelo mercado. Para
evitar um novo aumento de tarifas ao consumidor, os recursos
para a compra desse excedente
poderão vir de fundos setoriais.
O presidente da Eletrobrás, Luiz
Pinguelli Rosa, discordou da avaliação de Tolmasquim de que as
estatais serão as maiores prejudicadas com o excedente de energia. Segundo ele, ainda não é possível afirmar que haverá a descontratação de energia no ano que
vem, até que saia o novo modelo
para o setor elétrico.
"Prever um prejuízo a priori para as estatais é equivocado. Se não
sair o novo modelo, não haverá
descontratação. E, havendo a descontratação, a idéia é que a sobra
de energia seja comercializada em
um pool, que colocará todos numa mesma situação", afirmou.
"Se fossem mantidos inalterados os contratos privados e as estatais tivessem que pagar sozinhas, o ônus iria para um lado só.
Eu, em nome os acionistas minoritários da Eletrobrás, discordaria
do governo", disse Pinguelli.
Levantamento feito pelo banco
Brascan a pedido da Folha mostra que as geradoras Cemig
(Companhia Energética de Minas
Gerais), Copel e Tractebel não deverão ter problemas de excesso de
energia no ano que vem. "A Cemig vende toda a energia que produz para o Estado de Minas. Já a
Copel tinha uma sobra de 400
MW da energia comprada da argentina Cien, mas conseguiu renegociar o contrato. E a Tractebel
informou que 90% da sua energia
já está contratada até 2006", disse
o analista de energia do Brascan,
André Segadilha.
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