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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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ENERGIA

Estudo visa reduzir perdas

Governo pode comprar sobra de geradoras

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O governo estuda comprar parte do excedente de energia produzido pelas geradoras coma forma de reduzir suas perdas no ano que vem. De acordo com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, o sistema deverá ter uma sobra de 9.000 megawatts (MW) em 2004.
Segundo o secretário, esse excedente -que está em torno de 7.500 MW atualmente- deverá aumentar em razão da entrada de novas usinas no mercado e da descontratação de mais 25% da energia comercializada entre geradoras e distribuidoras.
A descontratação gradual, estipulada no governo anterior, livrou as distribuidoras da obrigação de comprar parte da energia produzida pelas geradoras.
"As geradoras serão fortemente impactadas. E uma parte importante dessa energia descontratada é das estatais", lembrou ele.
Tolmasquim explicou que o objetivo do governo é comprar parte da sobra de energia a título de reserva, a preços menores que os praticados pelo mercado. Para evitar um novo aumento de tarifas ao consumidor, os recursos para a compra desse excedente poderão vir de fundos setoriais.
O presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, discordou da avaliação de Tolmasquim de que as estatais serão as maiores prejudicadas com o excedente de energia. Segundo ele, ainda não é possível afirmar que haverá a descontratação de energia no ano que vem, até que saia o novo modelo para o setor elétrico.
"Prever um prejuízo a priori para as estatais é equivocado. Se não sair o novo modelo, não haverá descontratação. E, havendo a descontratação, a idéia é que a sobra de energia seja comercializada em um pool, que colocará todos numa mesma situação", afirmou.
"Se fossem mantidos inalterados os contratos privados e as estatais tivessem que pagar sozinhas, o ônus iria para um lado só. Eu, em nome os acionistas minoritários da Eletrobrás, discordaria do governo", disse Pinguelli.
Levantamento feito pelo banco Brascan a pedido da Folha mostra que as geradoras Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), Copel e Tractebel não deverão ter problemas de excesso de energia no ano que vem. "A Cemig vende toda a energia que produz para o Estado de Minas. Já a Copel tinha uma sobra de 400 MW da energia comprada da argentina Cien, mas conseguiu renegociar o contrato. E a Tractebel informou que 90% da sua energia já está contratada até 2006", disse o analista de energia do Brascan, André Segadilha.


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