São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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GUERRA FISCAL

Governo não reconhecerá incentivo fiscal que considerar ilegal

SP manterá veto a crédito do ICMS

DA AGÊNCIA FOLHA

O governo de São Paulo anunciou que vai manter a política de cancelar os créditos do ICMS que julga ilegais concedidos por Estados que fornecem produtos ou matérias-primas para São Paulo, apesar da ameaça de 11 Estados e do Distrito Federal de entrar na Justiça para manter as suas políticas de incentivos fiscais.
No dia 30 de julho, pelo comunicado nš 36 da Coordenação da Administração Tributária, da Fazenda de São Paulo, o Estado listou uma série de produtos fabricados por outras unidades da federação que deixariam de ter abatimento na cobrança do ICMS.
O coordenador do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), Albérico Mascarenhas, disse ontem que os Estados que se sentirem prejudicados pela decisão tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) devem recorrer à Justiça.
"Consultamos alguns especialistas e todos disseram que a medida tomada pelo governo de São Paulo não tem sustentação jurídica", disse Mascarenhas, que também é secretário estadual da Fazenda da Bahia, um dos Estados mais atingidos pela medida.
Segundo Mascarenhas, os incentivos concedidos por alguns Estados "não pertencem ao governo de São Paulo". "Os Estados que concedem os incentivos não podem ser prejudicados", disse. Ele afirmou também que na próxima semana pretende se reunir com representantes do governo de São Paulo para discutir a questão. "Se não chegarmos a um acordo, acho que não há outra alternativa a não ser a Justiça."
O secretário da Fazenda de Goiás, Giuseppe Vecci, disse que os Estados prejudicados vão pedir para que São Paulo mantenha os créditos tributários por seis meses para que "uma solução diplomática" seja alcançada. Goiás sofrerá com as medidas, principalmente na área de medicamentos.
Segundo ele, os secretários da Fazenda da Bahia, Rio Grande do Norte, Amazonas, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, além de Goiás, já estão em contato para convocar uma reunião extraordinária do Confaz para discutir a questão. Os Estados também estão preparando uma carta para criticar a decisão adotada por São Paulo.
O governo de Zeca do PT (MS) avalia que a medida de Alckmin tem o objetivo de "assustar o mercado" para que a indústria e o comércio paulistas deixem de comprar produtos de outros Estados.
"São Paulo não tem condições de cumprir isso [acabar com o crédito], porque não conhece o tamanho do benefício concedido às empresas. A intenção é assustar o mercado para mostrar ao contribuinte que não deve comprar de outros Estados", disse o superintendente de Administração Tributária de Mato Grosso do Sul, Gladiston Amorim.
A Secretaria da Fazenda de São Paulo publicou no "Diário Oficial" e na internet uma relação dos produtos que recebem incentivos fiscais nos outros Estados e as alíquotas a serem abatidas em alguns casos. O secretário da Fazenda paulista, Eduardo Guardia, disse, por meio de sua assessoria, que o Estado não vai mudar a sua posição nem se pronunciar oficialmente antes de receber a carta dos outros Estados.
Vecci disse que os Estados poderão retaliar comercialmente São Paulo em novas transações. "Mesmo que possamos apenas fazer cócegas na economia de São Paulo, será isso que faremos."


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