São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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Setor de serviços gera empregos, mas sem carteira

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de serviços, o único que criou vagas na região metropolitana de São Paulo em julho, é também o que se destaca na oferta de emprego precário -57% das 73 mil vagas criadas no mês passado foram para trabalho sem carteira assinada, segundo levantamento da Fundação Seade e do Dieese.
"Nós não empregamos na formalidade devido à elevada carga tributária incidente sobre a folha de pagamento. A cada R$ 100 pagos pelas empresas em salários, outros R$ 100 são pagos entre impostos, taxas e benefícios sociais", afirma Luigi Nese, vice-presidente da Fesesp (Federação de Serviços do Estado de São Paulo).
Segundo ele, muitas empresas trabalham hoje na informalidade para sobreviver. A Fesesp representa cerca de 80 mil empresas do setor de serviços no Estado de São Paulo.
"Dificilmente existe uma empresa que está com tudo 100% regular na questão do emprego. Se a empresa contratar todos os funcionários e pagar todos os impostos que precisa, ela não consegue vender os seus serviços, sobreviver", diz o presidente da Fesesp.
O setor de serviços, segundo informa Nese, cresce cerca de 5% a 7% ao ano, assim como o emprego. Segundo ele, as empresas de serviços, geralmente pequenas e médias, tentam contornar a falta de emprego com carteira assinada oferecendo outros atrativos para os trabalhadores. "As alternativas são pagar o aluguel da casa do empregado, oferecer um carro, dar um auxílio refeição superior ao permitido por lei ou dar outros benefícios", afirma.
A Fesesp já encaminhou ao governo um relatório para pedir a desoneração tributária do setor, "o que seria uma forma também de levar as empresas de serviços para a formalidade. Estamos até agora aguardando resposta de vários órgãos do governo", afirma Nese.

Terceirização
O fechamento de 35 mil vagas no comércio da região metropolitana de São Paulo em julho, como informa a Fundação Seade e o Dieese, é reflexo do movimento de terceirização que atinge o setor, na análise de Fernanda Della Rosa, diretora da assessoria econômica da Fecomercio SP. "O comércio vive hoje o que a indústria viveu alguns anos atrás. É o fenômeno da terceirização", afirma ela.
Segundo ela, custa "muito caro" para o comércio contratar pessoas nas datas mais importantes, como Natal, Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia da Criança, e depois ter de demitir os empregados.
"É cada vez mais interessante para as lojas terceirizar a mão-de-obra em época de pico para não correr o risco de ter de enfrentar reclamações trabalhistas mais tarde. Por isso, as lojas preferem fechar contratos com empresas prestadoras de serviços de mão-de-obra para enfrentar os períodos de sazonalidade de vendas mais altas", diz.
Na sua análise, a economia está se adaptando a novas formas de contratação. "A terceirização é uma tendência."


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