|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Setor de serviços gera empregos,
mas sem carteira
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor de serviços, o único
que criou vagas na região metropolitana de São Paulo em julho, é também o que se destaca
na oferta de emprego precário
-57% das 73 mil vagas criadas
no mês passado foram para
trabalho sem carteira assinada,
segundo levantamento da Fundação Seade e do Dieese.
"Nós não empregamos na
formalidade devido à elevada
carga tributária incidente sobre
a folha de pagamento. A cada
R$ 100 pagos pelas empresas
em salários, outros R$ 100 são
pagos entre impostos, taxas e
benefícios sociais", afirma Luigi Nese, vice-presidente da Fesesp (Federação de Serviços do
Estado de São Paulo).
Segundo ele, muitas empresas trabalham hoje na informalidade para sobreviver. A Fesesp representa cerca de 80 mil
empresas do setor de serviços
no Estado de São Paulo.
"Dificilmente existe uma empresa que está com tudo 100%
regular na questão do emprego. Se a empresa contratar todos os funcionários e pagar todos os impostos que precisa,
ela não consegue vender os
seus serviços, sobreviver", diz o
presidente da Fesesp.
O setor de serviços, segundo
informa Nese, cresce cerca de
5% a 7% ao ano, assim como o
emprego. Segundo ele, as empresas de serviços, geralmente
pequenas e médias, tentam
contornar a falta de emprego
com carteira assinada oferecendo outros atrativos para os
trabalhadores. "As alternativas
são pagar o aluguel da casa do
empregado, oferecer um carro,
dar um auxílio refeição superior ao permitido por lei ou dar
outros benefícios", afirma.
A Fesesp já encaminhou ao
governo um relatório para pedir a desoneração tributária do
setor, "o que seria uma forma
também de levar as empresas
de serviços para a formalidade.
Estamos até agora aguardando
resposta de vários órgãos do
governo", afirma Nese.
Terceirização
O fechamento de 35 mil vagas
no comércio da região metropolitana de São Paulo em julho,
como informa a Fundação Seade e o Dieese, é reflexo do movimento de terceirização que
atinge o setor, na análise de
Fernanda Della Rosa, diretora
da assessoria econômica da Fecomercio SP. "O comércio vive
hoje o que a indústria viveu alguns anos atrás. É o fenômeno
da terceirização", afirma ela.
Segundo ela, custa "muito caro" para o comércio contratar
pessoas nas datas mais importantes, como Natal, Dia das
Mães, Dia dos Pais e Dia da
Criança, e depois ter de demitir
os empregados.
"É cada vez mais interessante
para as lojas terceirizar a mão-de-obra em época de pico para
não correr o risco de ter de enfrentar reclamações trabalhistas mais tarde. Por isso, as lojas
preferem fechar contratos com
empresas prestadoras de serviços de mão-de-obra para enfrentar os períodos de sazonalidade de vendas mais altas", diz.
Na sua análise, a economia
está se adaptando a novas formas de contratação. "A terceirização é uma tendência."
Texto Anterior: Trabalho: Desemprego em SP é o menor do governo Lula Próximo Texto: Finanças: Unibanco admite desempenho fraco Índice
|