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EM TRANSE
No início de sua reunião anual, Fundo elogia equipe econômica do Brasil e rebaixa perspectiva de crescimento do país
Alternativa, agora, é mais arrocho, diz FMI
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Depois de oferecer US$ 30,4 bilhões e de fazer sucessivos elogios
à equipe econômica brasileira, o
FMI (Fundo Monetário Internacional) diz ter esgotado os instrumentos de que dispõe para restaurar a confiança dos mercados
com relação ao país.
Paralisado, o Fundo reconhece
agora que não há nada mais a fazer a não ser esperar as eleições e
desejar que o próximo governo
obtenha "consenso social e apoio
político" para realizar um "doloroso" esforço fiscal.
Essa é a síntese da exposição do
diretor do Departamento de Pesquisa do Fundo, Kenneth Rogoff,
durante entrevista de abertura da
reunião anual do FMI e do Banco
Mundial, ontem em Washington.
Rogoff rebaixou as estimativas
de crescimento do FMI para a
economia mundial, assim como
as previsões de crescimento do
Brasil para 2002 (de 2,5% para
1,5%) e 2003 (de 3,5% para 3%).
As previsões anteriores do FMI
sobre a economia brasileira, feitas
em abril, foram reduzidas devido
ao aumento da aversão ao risco-Brasil entre abril e setembro.
Num sinal de que a crise brasileira será a grande estrela do encontro, Rogoff teve de responder
a várias perguntas sobre se o pacote de US$ 30,4 bilhões ao Brasil
fracassou em seu objetivo de acalmar os mercados. Rogoff disse esperar que a forte desvalorização
do real na última semana "seja facilmente revertida", mas reconheceu não ter uma idéia clara do que
vai acontecer com o Brasil.
"Depois das eleições, saberemos
(o que vai ocorrer com a economia brasileira) mais do que sabemos agora", disse ele. "Só posso
repetir que, no médio prazo, é
muito importante reduzir a relação dívida/PIB e há várias maneiras de fazer isso", afirmou.
Uma das alternativas, segundo
Rogoff, é manter a atual política
de geração de superávits fiscais
para pagar a dívida pública brasileira, que atingiu 62% do PIB no
final de julho. "É uma tarefa dolorosa, especialmente porque as taxas de juro são altas e porque esse
esforço requer um grande consenso social e apoio político." Segundo ele, outra maneira de reduzir o volume da dívida brasileira é
aprofundar as reformas estruturais "para acelerar o crescimento
e permitir que a economia escape
do problema da dívida".
As declarações de Rogoff não
trouxeram elementos novos ao
atual cenário da crise ou do relacionamento do governo brasileiro com a direção do FMI. No entanto, ao descrever as causas da
crise econômica brasileira, o diretor do departamento de pesquisa
do Fundo distanciou-se um pouco do discurso usual de seus chefes - o diretor-gerente do FMI,
Horst Köhler, e a sub-diretora-gerente, Anne Krueger.
Diferentemente deles, Rogoff
deu muito mais ênfase ao tamanho da dívida do que às turbulências eleitorais. "De modo geral, os
mercados acreditam que há riscos
altos. Olhando para o futuro, claramente a prioridade política brasileira no Brasil é reduzir o custo
da dívida e as autoridades precisam focar no ajuste fiscal e nas reformas estruturais para ampliar
as fontes de crescimento."
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