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Instabilidade emperra campanhas salariais
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta do dólar, as incertezas na
economia e o processo eleitoral já
estão "represando" as campanhas
salariais deste ano. Especialistas e
sindicalistas informaram que a
desvalorização do real não só retarda, mas emperra as negociações entre patrões e empregados
com data-base neste semestre.
O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT,
Adi Lima, disse que alguns setores
patronais já avisaram que "as rodadas de negociações só vão
acontecer depois das eleições".
A entidade, que representa 250
mil metalúrgicos no Estado de
São Paulo, uma das principais categorias profissionais com data-base em 1º de novembro, entregou sua pauta à Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo) há cerca de uma semana.
"Em anos anteriores, as negociações já teriam começado. O maior
temor é que essas incertezas levem a uma onda de demissões."
A CUT promoverá manifestações no interior do Estado e na região do ABC para reforçar a campanha e protestar contra o desemprego. Ontem, sindicalistas fizeram ato no centro de São Paulo.
Um dragão chinês com seis metros de comprimento e duas cabeças foi levado para a manifestação
para representar o desemprego e
seus supostos criadores: uma das
cabeças era uma caricatura do
presidente Fernando Henrique
Cardoso e a outra do presidenciável tucano, José Serra.
A discussão sobre aumento real
de salário vai dar lugar à manutenção do emprego e à renovação
de cláusulas sociais que já estavam nos acordos anteriores, avalia João Carlos Gonçalves, presidente em exercício da Força Sindical. A central espera reunir cerca de 30 mil trabalhadores no próximo domingo em uma assembléia na rua do Carmo para marcar a campanha salarial deste ano.
Haverá sorteio de quatro carros.
A estratégia da Força foi unificar
a campanha com duas outras centrais -a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) e a SDS
(Social Democracia Sindical).
Juntas, reúnem cerca de 3 milhões
de trabalhadores em 19 categorias. Entre as reivindicações estão
reajuste de 15%, participação nos
lucros, redução da jornada de trabalho e garantia de emprego.
Na avaliação de Wilson Amorim, coordenador-técnico do
Dieese, as negociações salariais
serão defensivas e prejudicadas
por uma questão ainda mais ampla do que a alta do dólar -a falta
de crescimento econômico.
Ele acredita que haverá mais
pressão para que os trabalhadores
negociem benefícios variáveis
-como abonos em vez de reajustes. Caso dos bancários, cita, que
aprovaram na semana passada
reajuste salarial de 7%, a partir de
1º deste mês, acompanhado de
um abono único de R$ 1.200.
"A estratégia é tornar a folha de
pagamento com volume maior de
benefícios variáveis, que dependem do bom desempenho, faturamento e lucro da empresa. Mas, ao diminuir a parte fixa, a base do reajuste vai diminuindo a cada
ano, e os salários vão ficando cada vez mais achatados", disse.
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