São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EFEITO DÓLAR

Redes como o Pão de Açúcar e o Carrefour compram direto no exterior para trazer produtos mais em conta

Varejistas importam sem intermediários

ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Redes varejistas deram largada a um processo para contornar a crise cambial e salvar a venda deste Natal. Esse movimento tenta baratear o preço de produtos como vinho, compotas importadas, azeitonas e até eletroeletrônicos.
O Pão de Açúcar, a maior rede do país, passou a trazer produtos para o país das lojas de sua parceira no exterior, a cadeia francesa Casino, que têm 25% de participação na empresa brasileira e conta com mais de 6.000 no mundo. Com essa medida, ela quer colocar vinhos da França a R$ 18 nas prateleiras de suas lojas.
"Começamos a discutir isso quando o dólar estava a R$ 2,30, R$ 2,40. A moeda disparou, e continuamos a montar essa estratégia", disse Hugo Bethlem, diretor de comercialização do grupo Pão de Açúcar.
Na tentativa de barrar a pressão da moeda americana nas gôndolas, o Carrefour segue caminho semelhante. Vai anunciar sua estratégia para o final de ano na próxima semana, quando apresentará sua promoção para o aniversário mundial do Carrefour, segundo a Folha apurou.
A rede pretende vender itens importados -que foram comprados diretamente de fornecedores mundiais da cadeia francesa no mundo- com descontos superiores a 20%. Isso inclui DVDs e outros eletrônicos. Os estoques desses itens foram encomendados em março e já estão armazenados para a venda da rede.

Substituição menor
"A estratégia faz todo o sentido. As companhias estão se beneficiando de contatos lá fora e do poder de compra para segurar as vendas de importados aqui dentro", diz Alberto Serrentino, sócio da Gouvêa & Souza, consultoria de varejo.
Com essas medidas, não será preciso reduzir tanto o volume de importados que serão comercializados no Natal. E com isso, a substituição de importações perde a força. O produto nacional tende a ocupar mais espaço nas prateleiras quando o dólar dispara. A ação do varejo em pró dos importados barra um pouco essa tendência, afirmam analistas.
Quem deve sair perdendo são os chamados "brokers" -empresas que funcionam como intermediários na negociação de compra e venda do varejo com fabricantes internacionais.
Esses intermediários trazem o produto de fora e repassam ao varejo por um preço maior -isso porque há custos nessa operação de importação. "O "broker" não representa vantagem para ninguém", diz Bethlem.


Texto Anterior: Protesto
Próximo Texto: Dólar faz Fipe prever inflação maior no mês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.