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EFEITO DÓLAR
Redes como o Pão de Açúcar e o Carrefour compram direto no exterior para trazer produtos mais em conta
Varejistas importam sem intermediários
ADRIANA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Redes varejistas deram largada a um processo para contornar a
crise cambial e salvar a venda deste Natal. Esse movimento tenta
baratear o preço de produtos como vinho, compotas importadas,
azeitonas e até eletroeletrônicos.
O Pão de Açúcar, a maior rede
do país, passou a trazer produtos
para o país das lojas de sua parceira no exterior, a cadeia francesa
Casino, que têm 25% de participação na empresa brasileira e
conta com mais de 6.000 no mundo. Com essa medida, ela quer colocar vinhos da França a R$ 18 nas
prateleiras de suas lojas.
"Começamos a discutir isso
quando o dólar estava a R$ 2,30,
R$ 2,40. A moeda disparou, e continuamos a montar essa estratégia", disse Hugo Bethlem, diretor
de comercialização do grupo Pão
de Açúcar.
Na tentativa de barrar a pressão
da moeda americana nas gôndolas, o Carrefour segue caminho
semelhante. Vai anunciar sua estratégia para o final de ano na próxima semana, quando apresentará sua promoção para o aniversário mundial do Carrefour, segundo a Folha apurou.
A rede pretende vender itens
importados -que foram comprados diretamente de fornecedores mundiais da cadeia francesa no mundo- com descontos
superiores a 20%. Isso inclui
DVDs e outros eletrônicos. Os estoques desses itens foram encomendados em março e já estão armazenados para a venda da rede.
Substituição menor
"A estratégia faz todo o sentido.
As companhias estão se beneficiando de contatos lá fora e do poder de compra para segurar as
vendas de importados aqui dentro", diz Alberto Serrentino, sócio
da Gouvêa & Souza, consultoria
de varejo.
Com essas medidas, não será
preciso reduzir tanto o volume de
importados que serão comercializados no Natal. E com isso, a
substituição de importações perde a força. O produto nacional
tende a ocupar mais espaço nas
prateleiras quando o dólar dispara. A ação do varejo em pró dos
importados barra um pouco essa
tendência, afirmam analistas.
Quem deve sair perdendo são
os chamados "brokers" -empresas que funcionam como intermediários na negociação de compra e venda do varejo com fabricantes internacionais.
Esses intermediários trazem o produto de fora e repassam ao varejo por um preço maior -isso porque há custos nessa operação de importação. "O "broker" não
representa vantagem para ninguém", diz Bethlem.
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