São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Ministro da Casa Civil diz que a avaliação do mercado "muitas vezes não é desinteressada, por razões óbvias"

Parente critica crítica do mercado ao BC

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, defendeu ontem a atuação do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, diante da crise cambial e disse que o mercado financeiro tem interesses quando crítica o BC.
"Eu levo muito mais em conta, em consideração e respeito muito mais a opinião do presidente do Banco Central. Para mim, as avaliações que o mercado faz com relação à atuação do Banco Central muitas vezes não é desinteressada, por razões óbvias", disse ele ontem, em Washington.
Parente foi aos Estados Unidos para apresentar a autoridades americanas o programa de transição de governo.
Para Parente, a "conclusão lógica" para explicar a depreciação "exagerada" do câmbio é o processo eleitoral. Ele considera que os fundamentos da economia brasileira são bons, que não justificam a atual da taxa do dólar em relação ao real. Ele citou como exemplo de indicadores econômicos positivos os crescentes saldos da balança comercial, a consequente redução do déficit em conta corrente (diferença entre todas as transições comerciais e financeiras do Brasil com o mundo) e a inflação, apesar de pressionada pelo câmbio, sob controle.
Ele lembrou que o cenário econômico adverso não é apenas no Brasil, mas no mundo. "A única conclusão que nos parece lógica [...] é que essa questão [da depreciação do câmbio" tem a ver com o período eleitoral. E, aí, as questões que se colocam, obviamente, são as dúvidas e o que vai fazer a equipe do presidente eleito, quem quer que seja ele. Essa é a situação que nós vemos", disse Parente.
Mas Parente admite que, apesar disso, o que está acontecendo com a economia brasileira "vai além do que está acontecendo com a economia dos demais países". Parente espera que o presidente eleito anuncie o quanto antes sua equipe econômica e que isso ajudaria a acalmar o mercado.
"Eu vejo que os dois candidatos [que forem ao segundo turno] estão preparados para, assim que for o momento adequado, obviamente que após as eleições, fazer os anúncios das suas respectivas equipes. Isso certamente irá servir para acalmar as dúvidas, as questões que estão sendo colocadas nesse momento", disse ele.


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