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PORTOS
Brasil Ferrovias e parceiros investirão R$ 200 milhões no Guarujá (SP); construção deve demorar mais de sete anos
Obras de terminal começam em janeiro
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
A Ferronorte (Ferrovias Norte
Brasil) planeja começar em janeiro as obras do maior terminal
portuário privado do país, a ser
instalado em um terreno de 504,8
mil metros quadrados, situado no
município do Guarujá (SP), na
margem esquerda do porto de
Santos.
O empreendimento consumirá
R$ 200 milhões em investimentos. É resultado da parceria entre a
Brasil Ferrovias (controladora
das concessionárias ferroviárias
Ferronorte, Ferroban, Portofer e
Novoeste), a Bunge (multinacional americana do setor de alimentos) e o grupo Maggi (recordista
brasileiro em produção de soja).
Batizado de TGG (Terminal de
Granéis do Guarujá), o terminal
será um meio de incrementar o
transporte -pelas linhas da Ferronorte- da produção de soja do
Centro-Oeste destinada à exportação, segundo o presidente da
Brasil Ferrovias, Nelson Bastos.
"A pressão de demanda cresce
acima do nosso plano original
porque o Brasil está se tornando
cada vez mais competitivo em
granéis agrícolas, e não dá para
sufocar o crescimento do agribusiness", afirmou Bastos.
Após a conclusão da obra, prevista para durar pouco mais de sete anos, o TGG estará apto a movimentar 7,5 milhões de toneladas
anuais. Com isso, a Ferronorte levará anualmente para Santos,
desde o Centro-Oeste, 10 milhões
de toneladas, incluídos os 2,5 milhões de toneladas de capacidade
do Terminal 39, na margem direita, inaugurado em agosto, numa
parceria com o grupo Caramuru.
Em 2001, Santos exportou quase
6,2 milhões de toneladas de soja
(em grão e "pellets"). Neste ano, já
movimentou (até agosto) 5,4 milhões de toneladas.
Desde a venda do Tecon-1 (Terminal de Contêineres 1) em 1997,
o governo federal não cedia uma
área portuária tão grande a um
grupo privado. Em leilão na Bovespa, o Tecon (484 mil metros
quadrados) foi arrematado por
R$ 274,4 milhões pelo consórcio
Santos-Brasil.
Desde 1988, como parte do processo de privatização, 84% das
áreas operacionais de Santos já foram transferidas para empresas
privadas, segundo a estatal Codesp (administradora do porto).
A oficialização da cessão da nova área à Ferronorte ocorreu no
último dia 13, por meio de publicação no "Diário Oficial" da
União. Consultada pela Agência
Folha, a assessoria da Antaq
(Agência Nacional de Transportes Aquaviários), responsável pela
normatização dos arrendamentos
portuários, informou que o órgão
desconhecia o projeto.
Segundo Bastos, a transferência
do controle de duas áreas no porto -nas margens direita e esquerda- faz parte da concessão
ferroviária que a Ferronorte obteve da União, por meio de concorrência pública, em 1989.
A legalidade da ausência de licitação foi alvo de questionamento
em parecer que o consultor Frederico Bussinger fez circular por
e-mail, nas últimas semanas, entre representantes de diferentes
segmentos do setor portuário.
Ex-secretário-executivo do Ministério dos Transportes e ex-diretor da Codesp, Bussinger diz
que o terminal dará à Ferronorte
"condições especiais", em detrimento dos demais operadores.
Para ele, na condição de concessionária ferroviária federal, a Ferronorte existe para prestar serviços a terceiros, ou seja, atender ao
dono da carga e ao operador portuário. Ao se tornar também operadora, a empresa "passará a praticar uma operação casada".
O diretor-presidente da Codesp, Fernando Vianna, rebate,
afirmando que o terminal servirá
justamente como instrumento de
combate a monopólios porque
não estará subordinado ao dono
da carga, como os demais terminais privados do porto.
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