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São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2003

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Custos vão baixar, dizem produtores

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A liberação do plantio de soja transgênica e sua certificação poderão reduzir custos de produção, aumentar a rentabilidade do agricultor e dar mais confiabilidade ao produto embarcado nos portos brasileiros, segundo produtores ouvidos pela Folha.
"O principal ganho para o setor será uma economia de 10,3% nos custos de produção, devido ao menor uso de herbicidas nas lavouras transgênicas", diz Nelson Costa, presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná). "Com isso, a rentabilidade do setor deverá aumentar."
Enquanto nas culturas convencionais o agricultor aplica, em média, 7,8 litros de herbicida por hectare, ao custo de R$ 245, na transgênica usa-se em média 3,5 litros, que custam R$ 35.
No entanto alguns especialistas dizem que esse ganho poderá desaparecer no médio e longo prazos com o surgimento de outras pragas resistentes ao glifosato, herbicida que só pode ser usado nas lavouras transgênicas, que são resistentes ao produto. "Foi o que aconteceu na Argentina. Isso obriga os produtores a novos gastos com outros herbicidas", alerta Carlos Augusto Albuquerque, assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná.
Segundo Albuquerque, outro problema dos transgênicos é a menor produtividade. "Por enquanto, a soja convencional é mais produtiva", diz ele. A produtividade média brasileira -que é basicamente de soja convencional- é 12% superior à argentina -que só planta soja transgênica.
Os produtores dizem que há mercado para os dois tipos de soja, mesmo na União Européia, que, até recentemente, resistia ao uso de produtos geneticamente modificados. Há dois meses mudou a legislação na região, e agora são admitidos transgênicos para consumo animal, desde que com a certificação do produto.
Também a China, maior importadora de soja do mundo, passará a exigir essa certificação a partir do ano que vem. "Se o Brasil não legalizar o plantio de soja transgênica, exigindo sua segregação e certificação, perderemos esses mercados", diz Antonio Sartori, diretor da Brasoja, uma das maiores corretoras de soja do país.


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