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Custos vão baixar, dizem produtores
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A liberação do plantio de soja
transgênica e sua certificação poderão reduzir custos de produção,
aumentar a rentabilidade do agricultor e dar mais confiabilidade
ao produto embarcado nos portos brasileiros, segundo produtores ouvidos pela Folha.
"O principal ganho para o setor
será uma economia de 10,3% nos
custos de produção, devido ao
menor uso de herbicidas nas lavouras transgênicas", diz Nelson
Costa, presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do
Paraná). "Com isso, a rentabilidade do setor deverá aumentar."
Enquanto nas culturas convencionais o agricultor aplica, em
média, 7,8 litros de herbicida por
hectare, ao custo de R$ 245, na
transgênica usa-se em média 3,5
litros, que custam R$ 35.
No entanto alguns especialistas
dizem que esse ganho poderá desaparecer no médio e longo prazos com o surgimento de outras
pragas resistentes ao glifosato,
herbicida que só pode ser usado
nas lavouras transgênicas, que
são resistentes ao produto. "Foi o
que aconteceu na Argentina. Isso
obriga os produtores a novos gastos com outros herbicidas", alerta
Carlos Augusto Albuquerque, assessor técnico da Federação da
Agricultura do Estado do Paraná.
Segundo Albuquerque, outro
problema dos transgênicos é a
menor produtividade. "Por enquanto, a soja convencional é
mais produtiva", diz ele. A produtividade média brasileira -que é
basicamente de soja convencional- é 12% superior à argentina
-que só planta soja transgênica.
Os produtores dizem que há
mercado para os dois tipos de soja, mesmo na União Européia,
que, até recentemente, resistia ao
uso de produtos geneticamente
modificados. Há dois meses mudou a legislação na região, e agora
são admitidos transgênicos para
consumo animal, desde que com
a certificação do produto.
Também a China, maior importadora de soja do mundo, passará
a exigir essa certificação a partir
do ano que vem. "Se o Brasil não
legalizar o plantio de soja transgênica, exigindo sua segregação e
certificação, perderemos esses
mercados", diz Antonio Sartori,
diretor da Brasoja, uma das maiores corretoras de soja do país.
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