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VINICIUS TORRES FREIRE
Para onde vai o crediário
Empréstimos para pessoas
físicas estão em baixa, mas
hoje são parcela maior do
crédito que em outros ciclos
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OS EMPRÉSTIMOS para as pessoas físicas são parcela cada
vez maior do total do dinheiro emprestado no mercado doméstico desde o Plano Real. No mês passado, representaram quase um terço
das operações do sistema financeiro, segundo os dados divulgados ontem pelo Banco Central. Trata-se,
no caso, dos recursos que as pessoas
tomam para comprar bens como
carros ou para se endividar nos juros
demenciais do cartão de crédito.
Também é o indicador em que economistas estão de olho a fim de verificar por onde pode se dar a expansão do consumo doméstico e, por tabela, da economia.
Nos 12 últimos meses, a expansão
dessa variedade de crédito ainda
cresceu à velocidade chinesa de
28%. Mas, em agosto do ano passado, o ritmo de expansão dos empréstimos às pessoas físicas era de mais
de 44%; foi em agosto de 2005 que a
desaceleração começou.
O volume total de crédito para a
economia subiu até o final de 2004
e, desde então, continua a crescer
em torno de 20%, uma taxa também
respeitável. Ou seja, o apetite decrescente das pessoas físicas pelo
crediário vem sendo substituído,
por ora, por operações de empréstimos de outra natureza.
Desde o Plano Real, a velocidade
com que as pessoas físicas tomam
mais crédito vive ciclos bastante
pronunciados,
com picos de aceleração de 40% a
70% por ano a baixas em que o ritmo
de tomada adicional de dinheiro
chega quase à estagnação. Como tal
modalidade de empréstimos tem
peso cada vez mais importante na
economia, seus efeitos também tendem a ter mais impacto no consumo
e na produção doméstica.
A questão é saber se o mais recente ciclo de expansão do crédito vai
repetir o mergulho para a estagnação verificado em outros anos. Nos
ciclos anteriores, os momentos em
que o consumidor decidiu refrear
seu apetite pelo crediário coincidiram muitas vezes com fases de deterioração das condições econômicas
mais gerais.
Agora, o país vive um ciclo de recuperação da atividade econômica,
embora tal recuperação se dê em ritmo lentamente medíocre. Há mais
gente empregada, a renda média
cresce, a inflação cai. No que diz respeito ao crédito, especificamente, as
taxas de juros caem, os prazos de financiamento continuam se dilatando. A taxa de inadimplência seria o
indicador mais preocupante. Depois
de uma refrescada em junho, voltou
a apontar para cima, para perto do
pico de meados de 2002.
Embora seja um exagero flagrante
dizer que o ritmo cadente de expansão do crédito vá puxar a economia
para baixo, a falta de sinais mais fortes de retomada econômica, como o
da taxa de investimento, e o fim do
impulso derivado do saldo do comércio externo indicam que a recuperação do PIB deve continuar em
passo medíocre.
vinit@uol.com.br
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