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Economia argentina volta a ser ortodoxa, diz ex-ministro do país
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O rumo da economia argentina mudou nos últimos dias a
partir de dois anúncios: deve
reabrir as negociações com os
credores de títulos do país que
não aceitaram negociar a dívida
em 2005 e pagar a dívida de
US$ 6,7 bilhões com os países
que formam o Clube de Paris.
"Depois de anos de uma economia heterodoxa, nos últimos
30 dias, a Argentina voltou a ser
ortodoxa. Aos poucos, o país está voltando a um manejo mais
próximo ao recomendado pelos
economistas e ao apresentável
às empresas [investidoras]",
afirmou na quarta-feira o ex-vice-ministro de Economia Orlando Ferreres.
Para o economista, há duas
razões para essa mudança na
condução da economia argentina, que estava isolada dos mercados externos desde que decretou o calote após a grave crise econômica de 2001. A primeira é a necessidade de financiamento externo diante um
cenário de crise mundial, onde
pode haver menor demanda e
queda de preços dos grãos -
uma das bases da economia.
Segundo o economista, a tendência é irreversível e mostra a
linha que a economia argentina
deve adotar daqui para frente.
"Agora a linha é andar de bem
com o mundo inteiro porque
vamos precisar disso."
A outra foi o elemento que
desencadeou a mudança: se libertar da Venezuela, o único financiador que se dispôs a comprar títulos do país nos últimos
anos. Há pouco mais de um
mês, a Argentina teve que comprar títulos de sua dívida no
mercado para frear a queda
desses bônus, após a Venezuela
ter liquidado títulos do país, gerando temores de um novo default argentino.
A mudança rumo à ortodoxia, portanto, foi menos uma
opção do que uma obrigação.
"Não há melhor conservador
do que um peronista assustado", diz o economista sobre o
governo do Partido Justicialista (peronista), hoje no poder.
"A ideologia deles é o poder e
sabem que, se tiverem problemas econômicos, terão problemas nas próximas eleições."
Desaceleração
Diante de um cenário de crise, o economista vê uma desaceleração da economia argentina neste e no próximo ano.
Após crescer mais de 8% anuais
desde 2003, o país cresceria 6%
neste ano e 4% em 2009.
Ontem, a Argentina anunciou que a atividade econômica
no país cresceu 8,3% em julho
em comparação com o mesmo
período do ano passado. Com
esse resultado, a economia do
país mostra uma expansão de
7,9% nos sete primeiros meses
deste ano.
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