São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Economia argentina volta a ser ortodoxa, diz ex-ministro do país

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O rumo da economia argentina mudou nos últimos dias a partir de dois anúncios: deve reabrir as negociações com os credores de títulos do país que não aceitaram negociar a dívida em 2005 e pagar a dívida de US$ 6,7 bilhões com os países que formam o Clube de Paris.
"Depois de anos de uma economia heterodoxa, nos últimos 30 dias, a Argentina voltou a ser ortodoxa. Aos poucos, o país está voltando a um manejo mais próximo ao recomendado pelos economistas e ao apresentável às empresas [investidoras]", afirmou na quarta-feira o ex-vice-ministro de Economia Orlando Ferreres.
Para o economista, há duas razões para essa mudança na condução da economia argentina, que estava isolada dos mercados externos desde que decretou o calote após a grave crise econômica de 2001. A primeira é a necessidade de financiamento externo diante um cenário de crise mundial, onde pode haver menor demanda e queda de preços dos grãos - uma das bases da economia.
Segundo o economista, a tendência é irreversível e mostra a linha que a economia argentina deve adotar daqui para frente. "Agora a linha é andar de bem com o mundo inteiro porque vamos precisar disso."
A outra foi o elemento que desencadeou a mudança: se libertar da Venezuela, o único financiador que se dispôs a comprar títulos do país nos últimos anos. Há pouco mais de um mês, a Argentina teve que comprar títulos de sua dívida no mercado para frear a queda desses bônus, após a Venezuela ter liquidado títulos do país, gerando temores de um novo default argentino.
A mudança rumo à ortodoxia, portanto, foi menos uma opção do que uma obrigação. "Não há melhor conservador do que um peronista assustado", diz o economista sobre o governo do Partido Justicialista (peronista), hoje no poder. "A ideologia deles é o poder e sabem que, se tiverem problemas econômicos, terão problemas nas próximas eleições."

Desaceleração
Diante de um cenário de crise, o economista vê uma desaceleração da economia argentina neste e no próximo ano. Após crescer mais de 8% anuais desde 2003, o país cresceria 6% neste ano e 4% em 2009.
Ontem, a Argentina anunciou que a atividade econômica no país cresceu 8,3% em julho em comparação com o mesmo período do ano passado. Com esse resultado, a economia do país mostra uma expansão de 7,9% nos sete primeiros meses deste ano.


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