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CONTAS EXTERNAS
BC espera piora em setembro por causa da fuga de dólares
Crise faz o déficit externo voltar para 4,09% do PIB
da Sucursal de Brasília
O déficit em transações correntes, indicador da dependência do
país em relação aos capitais estrangeiros, voltou a crescer em
agosto, revertendo a tendência de
queda verificada no mês anterior.
O déficit externo atingiu 4,09%
do PIB (Produto Interno Bruto,
total das riquezas produzidas no
país) nos 12 meses encerrados em
agosto, contra 3,98% do PIB em
julho. O Banco Central prevê novo
aumento do déficit em setembro.
"O déficit piora em setembro,
devido ao nervosismo provocado
pela crise, mas depois volta ao
normal. A expectativa é que feche
o ano entre 3,5% e 3,8% do PIB",
disse o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes.
O déficit de 4,09% do PIB significa que, entre setembro de 1997 e
agosto de 1998, as despesas do
Brasil em suas transações com outros países superaram as receitas
em US$ 32,390 bilhões.
Esse é um dado que revela a dependência do país em relação a capitais estrangeiros porque, quando registra despesas maiores que
receitas, o país é obrigado a tomar
empréstimos no exterior ou a receber investimentos para cobrir a
diferença.
As transações correntes incluem
a balança comercial (importações
menos exportações), os serviços
(juros da dívida externa, remessa
de lucros, turismo etc.) e as chamadas transferências unilaterais
(dinheiro remetido ao Brasil por
residentes no exterior, sem relação comercial ou financeira).
Entre esses itens, os que mais pesaram no aumento do déficit em
agosto foram a balança comercial
(crescimento de 165%, comparado ao mesmo mês de 1997) e os
gastos com juros (mais 119%).
Segundo Lopes, o déficit comercial cresceu por causa da greve dos
fiscais da Receita Federal, que represou exportações. Já os gastos
com juros aumentaram porque a
dívida externa é maior (atingiu
US$ 228 bilhões em junho).
Lopes prevê nova deterioração
nas contas externas em setembro
porque as remessas de lucros e dividendos aumentaram. A saída
desse item já atingiu US$ 1,258 bilhão até 24 de setembro, contra
US$ 384 milhões em agosto.
Segundo ele, a crise fez empresas
estrangeiras anteciparem a remessa de lucros em setembro. "É facultado às empresas fazer antecipações sobre o balanço do final do
ano. Se o lucro não se realizar, as
empresas trazem de volta", disse.
As reservas em moeda estrangeira do BC fecharam em US$ 67,333
bilhões em agosto, pelo conceito
de liquidez internacional, que inclui dinheiro em caixa e créditos
de médio e longo prazos. Em relação ao mês anterior, houve uma
perda de US$ 2,877 bilhões.
Pelo conceito de caixa, que considera apenas moeda forte prontamente disponível, as reservas fecharam em US$ 66,480 bilhões.
Dois fatores explicam a queda de
reservas: a fuga de dólares provocada pela moratória russa e o déficit em transações correntes.
No mês, US$ 4,139 bilhões abandonaram as Bolsas e US$ 1,880 bilhão saiu pelas contas CC-5, mantidas por residentes no exterior.
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