São Paulo, sábado, 26 de setembro de 1998

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Saída deve crescer na próxima semana

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
Editor do Painel S/A

As saídas de recursos do país, esperam os analistas do mercado financeiro, devem se intensificar na próxima semana -nas vésperas do pleito eleitoral e do novo pacote fiscal.
Nos cálculos de analistas de bancos, que preferem que seus nomes não sejam mencionados, a perda de reservas (o caixa em moeda forte do país) deve somar aproximadamente US$ 3,5 bilhões na próxima semana.
Caso esse número se confirme, o crescimento das saídas será de 84,2%, já que, nesta semana, contando com o resultado parcial de ontem, a perda de reservas ficou em US$ 1,9 bilhão.
Detalhe não trivial: o crescimento maior deve ser registrado no mercado do dólar flutuante (um segmento do dólar turismo), utilizado por brasileiros.
Nas últimas três semanas, os saques nos fundos de investimento apontavam para um crescimento das remessas também de pessoas físicas (e não só de empresas) pelo dólar flutuante. Na última semana, porém, tanto os saques quanto as remessas recuaram.
Ontem, até as 19h15, tinham sido registradas saídas líquidas (descontadas as entradas) de US$ 370 milhões do país.
Foram US$ 165 milhões no dólar comercial e outros US$ 205 milhões no dólar flutuante.
Os registros podem ser feitos até as 21h30, mas, acreditam os analistas, o número final deve ficar muito próximo disso.
Contribuiu para reduzir o resultado final uma operação de pré-pagamento de exportações (que é muito similar a um ACC, Adiantamento de Contrato de Câmbio) de US$ 200 milhões realizada pela Ford.
Para o mercado, o BC (Banco Central) começou a usar uma de suas armas para minimizar as saídas: administrando o ingresso de divisas.
É por conta disso que, acreditam os analistas, não coincidiram em data a operação da Ford e o ingresso dos recursos de investidores portugueses para a compra da Eletropaulo Bandeirante (realizados na quarta e quinta-feiras).
A administração dos ingressos poderá ser utilizada para reduzir as saídas líquidas na próxima semana. Os ingressos previstos, mas ainda não realizados, lembra o mercado são:
1) injeção de capital do Bilbao Vizcaya no Excel Econômico;
2) os ou parte dos US$ 2 bilhões do ABN-Amro, que comprou o Banco Real;
3) a antecipação negociada entre os estrangeiros e o governo do pagamento das empresas de telecomunicações.



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