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CÂMBIO
Déficits altos nos EUA e perspectiva de ganho maior com juros na Europa atraem investidores para outras moedas
Euro, iene e libra se valorizam ante o dólar
DA REDAÇÃO
A cotação do dólar caiu ontem
para o mais baixo patamar em relação ao euro desde fevereiro. Em
comparação a outras moedas, a
queda também foi recorde. Com
relação ao iene japonês, foi a
maior queda em seis meses; à libra esterlina, em dois meses, e, ao
franco suíço, em oito anos.
Para o professor de economia
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP Antônio Lanzana, o movimento é explicado pela junção de
dois fatores. Um deles é o elevado
déficit comercial do EUA, que requer a desvalorização da moeda
para ser reduzido. A outra razão é
a diferença da taxa de juros cobrada nos EUA (1,75% ao ano) para a
da zona do euro (2% ao ano).
"Como o Fed [banco central dos
EUA] sinalizou uma elevação moderada dos juros, nada mais natural do que os investidores procurarem lugares onde a remuneração é maior, como a Europa."
A moeda européia encerrou o
dia cotada a US$ 1,2781, maior valor desde 18 de fevereiro, quando
1 valia US$ 1,2837.
Em comparação com a moeda
japonesa, um dólar fechou cotado
a 106,71 ienes, e, em relação à moeda britânica, encerrou o dia cotado a 1,8411 libra.
A desvalorização do dólar foi estimulada também por declarações de líderes europeus e do Japão, que não demonstraram a intenção de intervir no câmbio para
impedir a queda da moeda norte-americana.
O ministro das Finanças do Japão, por exemplo, repetiu que "irá
continuar a observar o mercado
de perto". Os investidores viram
na declaração que o governo japonês não irá intervir no mercado
para forçar a elevação do dólar.
O presidente do Banco Central
Europeu, Jean-Claude Trichet,
também não deu indicações de estar preocupado com a cotação do
dólar.
Recentemente, autoridade européias disseram que o dólar fraco
contribui para minimizar as perdas com a alta do petróleo.
Com o dólar fraco, os europeus
poderiam reduzir as taxas de juro
no intuito de valorizar a moeda
dos EUA. A indicação contrária
animou os investidores a comprar
mais euros.
Para o professor de economia da
Fundação Getúlio Vargas Júlio
Cezar Castanhar, os EUA vivem
hoje um momento semelhante ao
vivido pelo Brasil no auge da crise
pré-eleitoral de 2002.
"Ironicamente, com os déficits
fiscal e comercial, os Estados Unidos poderão ter de passar por um
ajuste parecido com o que o Brasil
vive."
Apesar dos déficits, os professores sustentam que os títulos da dívida norte-americana continuarão a ser os ativos mais procurados do mundo. A fase, segundo
eles, é apenas um ajuste.
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