São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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CÂMBIO

Déficits altos nos EUA e perspectiva de ganho maior com juros na Europa atraem investidores para outras moedas

Euro, iene e libra se valorizam ante o dólar

DA REDAÇÃO

A cotação do dólar caiu ontem para o mais baixo patamar em relação ao euro desde fevereiro. Em comparação a outras moedas, a queda também foi recorde. Com relação ao iene japonês, foi a maior queda em seis meses; à libra esterlina, em dois meses, e, ao franco suíço, em oito anos.
Para o professor de economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Antônio Lanzana, o movimento é explicado pela junção de dois fatores. Um deles é o elevado déficit comercial do EUA, que requer a desvalorização da moeda para ser reduzido. A outra razão é a diferença da taxa de juros cobrada nos EUA (1,75% ao ano) para a da zona do euro (2% ao ano).
"Como o Fed [banco central dos EUA] sinalizou uma elevação moderada dos juros, nada mais natural do que os investidores procurarem lugares onde a remuneração é maior, como a Europa."
A moeda européia encerrou o dia cotada a US$ 1,2781, maior valor desde 18 de fevereiro, quando 1 valia US$ 1,2837.
Em comparação com a moeda japonesa, um dólar fechou cotado a 106,71 ienes, e, em relação à moeda britânica, encerrou o dia cotado a 1,8411 libra.
A desvalorização do dólar foi estimulada também por declarações de líderes europeus e do Japão, que não demonstraram a intenção de intervir no câmbio para impedir a queda da moeda norte-americana.
O ministro das Finanças do Japão, por exemplo, repetiu que "irá continuar a observar o mercado de perto". Os investidores viram na declaração que o governo japonês não irá intervir no mercado para forçar a elevação do dólar.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, também não deu indicações de estar preocupado com a cotação do dólar.
Recentemente, autoridade européias disseram que o dólar fraco contribui para minimizar as perdas com a alta do petróleo.
Com o dólar fraco, os europeus poderiam reduzir as taxas de juro no intuito de valorizar a moeda dos EUA. A indicação contrária animou os investidores a comprar mais euros.
Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas Júlio Cezar Castanhar, os EUA vivem hoje um momento semelhante ao vivido pelo Brasil no auge da crise pré-eleitoral de 2002.
"Ironicamente, com os déficits fiscal e comercial, os Estados Unidos poderão ter de passar por um ajuste parecido com o que o Brasil vive."
Apesar dos déficits, os professores sustentam que os títulos da dívida norte-americana continuarão a ser os ativos mais procurados do mundo. A fase, segundo eles, é apenas um ajuste.


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