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Selic "carrega o piano da economia", diz Levy
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que a Selic é elevada, oscila muito e "carrega o piano" da economia por ter
um alcance reduzido, já que muitas taxas de juros praticadas no
país, inclusive pelo próprio governo, não acompanham a evolução
da taxa básica fixada mensalmente pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).
"Se a política monetária tem de
carregar o piano sozinha, a Selic
vai ter de ser alta e mudar [variar]
muito", afirmou Levy em seminário no Rio.
Para o secretário, a taxa de juro
é um instrumento eficaz para
conter a inflação, "mas, se ela afeta uma fração pequena da economia, tem de variar mais para conseguir o mesmo efeito".
Como forma de ampliar a
abrangência da Selic, Levy afirmou que é necessário fazer com
que outras taxas de juros sigam a
mesma tendência da taxa básica,
tanto para cima como para baixo.
Ainda que indiretamente, Levy
criticou o chamado crédito direcionado, cujos juros são especiais,
como os financiamentos à habitação, os empréstimos do BNDES e
o crédito consignado em folha de
pagamento para aposentados e
trabalhadores da iniciativa privada. "Quanto mais ela [a Selic] se
refletir em outras taxas, é melhor.
É assim que funciona em outros
países. Se sobe uma [a Selic], todas as outras sobem junto."
No Brasil, diz Levy, a lógica não
é a mesma. "Obviamente elas [as
taxas de juro direcionadas] não
sobem na mesma proporção e,
por isso, você [o Banco Central]
tem de fazer uma política monetária mais restritiva, enquanto o
pessoal quiser, em algum lugar,
até mesmo no setor público, emprestar cada vez mais barato."
Para Levy, falta um "processo
de coordenação" para que os juros sigam, sempre, o rumo da Selic. Segundo sua avaliação, se isso
ocorrer no futuro, a política monetária terá um alcance maior e os
juros serão menores e não oscilarão tanto.
Uma das principais bandeiras
do presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Guido Mantega, é a redução da TJLP (Taxa de
Juros de Longo Prazo), referência
para os empréstimos do banco.
A taxa ficou estável em 9,75% ao
ano, em todo o período no qual a
Selic subiu, atingindo 19,75% em
maio deste ano e mantida neste
nível até agosto. Em setembro, a
taxa básica sofreu um corte de
0,25 ponto percentual. Em outubro, a queda foi de 0,5 ponto, alcançando 19% ao ano.
Para Levy, a redução da TJLP
não teria nenhum efeito sobre as
decisões de novos investimentos
no país no curto prazo. Seu impacto se daria só sobre os financiamentos que já foram liberados.
O que orienta o investidor, diz, é
a perspectiva futura da TJLP. "O
investidor está interessado no patamar da TJLP dos próximos cinco anos quando toma um empréstimo, e não no patamar usado
hoje", disse Levy.
Na visão do secretário, existem
dois outros instrumentos de combate à inflação: uma "projeção fiscal tranqüila e firme", sobretudo
em relação ao aumento das despesas do governo -o que está
sendo feito, segundo ele-, e a
elevação do nível de competição
na economia.
De acordo com Levy, a austeridade fiscal do governo federal já
resultou na melhora das previsões
das instituições financeiras sobre
a relação dívida/PIB, que aponta
para um nível de 40% no longo
prazo.
(PS E LB)
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